São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Sérvia escolhe líder em eleição centrada em Kosovo e Europa

Primeiros resultados já previam 2º turno entre mandatário atual, Boris Tadic, e o rival ultranacionalista Tomislav Nikolic

Os dois candidatos rejeitam a separação da Província; enquanto líder hoje defende entrada na UE, desafiante quer se aproximar da Rússia

DA REDAÇÃO

Os sérvios foram às urnas ontem para escolher seu novo presidente em uma eleição permeada por discussões sobre a iminente independência da Província de Kosovo e sobre a aproximação com a União Européia. Os dois líderes nas pesquisas -o ultranacionalista Tomislav Nikolic, do Partido Radical Sérvio (SRS), e o atual presidente, Boris Tadic, do Partido Democrático (DS)- são contra a separação da Província, mas diferem quanto aos aliados internacionais futuros.
Na noite de ontem, com 85% das urnas apuradas, a comissão eleitoral do país informou que Nikolic tinha 39,6% dos votos, contra 35,5% de Tadic. O segundo turno será no dia 3 de fevereiro.
Apesar de ser formalmente parte da Sérvia, Kosovo está sob administração da ONU desde 1999, quando a Otan (aliança militar ocidental) expulsou do território as tropas do ditador Slobodan Milosevic. Kosovo é formada por 92% de albaneses, contra os quais Milosevic tentou empreender uma limpeza étnica.
Os dois candidatos afirmam que não recorreriam à violência para evitar a separação de Kosovo, refletindo anseios populares. Mas, enquanto Tadic promete manter o país no rumo da entrada na União Européia, Nikolic é tido como "eurocético" e defende a aproximação com a Rússia, aliada histórica que dá respaldo a Belgrado em sua posição unionista.
Atualmente, a expectativa é que Kosovo declare a independência logo após o segundo turno sérvio. A data foi um pedido da UE e dos EUA, que prometem reconhecer a separação. A declaração, porém, segue recheada de incertezas, já que o consenso europeu continua difícil: a Espanha, que teme que a independência infle sentimentos separatistas em seu próprio território, pressiona pelo adiamento até março, quando ocorrerão suas próprias eleições.

Entre a Rússia e a UE
Segundo analistas, o comparecimento de 58% do eleitorado até as 18h locais de ontem, acima do esperado, reflete os temores de liberais normalmente afastados da política de que uma vitória de Nikolic interrompa reformas econômicas e complique a entrada do país na UE.
"As pessoas perceberam que esta é uma eleição decisiva. Dependendo do resultado, a Sérvia decidirá sua orientação futura, em direção à Europa ou à Rússia. Esse é o maior dilema no momento", afirma o analista político local Djordje Vukovic.
Nikolic, cujo partido apoiou o ditador Slobodan Milosevic, morto em 2006, já havia se tornado em 2007 presidente do Parlamento sérvio, alarmando líderes europeus. Seu partido radical também se opõe às reformas econômicas promovidas por Tadic.
"A Rússia é um parceiro muito mais próximo da Sérvia, mas se a UE quer abrir suas portas e não impuser mais obstáculos, ficaremos felizes em nos unir a ela", disse Nikolic, que rejeita acusações de isolacionismo.


Com agências internacionais


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