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HAITI EM RUÍNAS
Tropas americanas blindam assistência
Militares dos EUA aos poucos vão se encarregando da segurança de locais estratégicos para a chegada de ajuda humanitária
Porta-voz da Minustah elogia os americanos: "Têm mais soldados, melhores equipamentos e podem dar assistência mais rápido"
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
(HAITI)
Com armamento pesado,
veículos Humvee e helicópteros, militares americanos aos
poucos vão se encarregando da
segurança de locais estratégicos para a chegada de ajuda humanitária a Porto Príncipe.
Ontem, a presença americana mais visível era no hospital
Geral, o maior da cidade. A entrada do prédio, localizado
atrás do destruído Palácio Nacional, estava sob a vigilância
de 17 militares da 82ª Divisão
Aérea do Exército Americano,
que tentavam organizar as centenas de haitianos aglomerados
na entrada.
"Somente estamos deixando
entrar os funcionários e os pacientes muito graves", disse o
soldado Luna, de origem latina.
"Lá dentro está superlotado,
não podemos permitir nem parentes dos pacientes."
Anteontem, helicópteros da
mesma divisão fizeram uma
aparatosa operação de desembarque de material no Palácio
Nacional. Nos fundos, onde até
o terremoto o Brasil mantinha
15 militares para dar segurança
ao presidente René Préval, os
americanos montaram uma base de apoio logístico.
A 82ª Divisão Aérea foi a
mesma empregada pelo governo George W. Bush para atender às vítimas do furacão Katrina em Nova Orleans, em setembro de 2005. A unidade
também está presente no Iraque e no Afeganistão.
Durante as três horas que a
Folha ficou no centro da cidade, não houve nenhuma patrulha americana. No bulevar Dessalines, área comercial que vinha registrando confrontos entre os que vasculham os destroços em busca de comida e produtos das lojas, policiais haitianos faziam a segurança do local.
Perto dali, uma unidade militar brasileira fechou uma rua
para que funcionários do banco
retirassem dinheiro de uma
agência bancária destruída,
também sem incidentes. Operações semelhantes estão sendo feitas em várias partes da capital, num esforço para recuperar dinheiro em efetivo para
que os bancos tenham condições de reabrir ao menos parcialmente até amanhã.
"Aqui, não passou nenhum
americano", disse um policial
haitiano. Segundo ele, não houve confrontos naquela região
ontem de manhã.
Perto do aeroporto, um comboio militar de mais de 20 veículos da mesma unidade, alguns equipados com metralhadoras, deixou o prédio principal perto do aeroporto com materiais como arame farpado e
vigas de madeira e se dirigiu a
uma das cabeceiras da pista,
onde será montada uma base.
Pelo acordo entre os EUA e a
Minustah, os militares americanos apenas atuarão em Porto
Príncipe, em apoio a missões de
assistência, enquanto os capacetes azuis continuarão encarregados da segurança pública,
junto com a debilitada Polícia
Nacional Haitiana.
Os americanos também ficaram com o controle aéreo e a
segurança do pequeno e congestionado aeroporto internacional de Porto Príncipe.
O batalhão brasileiro, com
pouco mais de mil militares, é a
principal força militar da Minustah na capital haitiana.
Do lado americano, há ao
menos 5.000 militares no Haiti, enquanto os capacetes azuis
somam 7.200 em todo o país.
O mesmo acordo foi feito
com o Canadá, para que seus
militares realizem operações
humanitárias em cidades fora
de Porto Príncipe igualmente
devastadas, como Leogane, Petit Goave e Jacmel.
A atuação americana foi elogiada pelo porta-voz da Minustah (missão da ONU no Haiti),
David Wimhurst. "Estamos
muito felizes com a participação americana. Eles têm mais
soldados, melhores equipamentos e podem dar assistência de forma mais rápida."
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