São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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RELIGIÃO

Igreja quer frear a legalização de união legal entre homossexuais, defendida pela esquerda italiana na campanha eleitoral

Vaticano faz ofensiva contra "cultura gay"

DA FRANCE PRESSE

O Vaticano lançou ontem uma ofensiva contra a cultura gay no mundo e organizou conferências com teólogos e psicanalistas com o objetivo de frear a legalização, em vários países, do casamento entre homossexuais e a adoção de filhos por casais do mesmo sexo.
As palestras vão abordar um tema de grande atualidade em muitos países, o homossexualismo, e serão ministradas por especialistas de destaque, entre eles o religioso e psicanalista francês Tony Anatrella, assessor do Vaticano para a "instrução" que veda homossexuais no sacerdócio.
Organizadas pelo Instituto João Paulo 2º para a Família, as conferências têm como primeiro objetivo analisar "os riscos decorrentes de negar a diferença sexual", segundo o folheto informativo sobre elas.
A iniciativa incomum confirma a preocupação da Igreja Católica com a tendência crescente no mundo ocidental a legalizar a união homossexual, tendência essa que se estende a partidos políticos considerados católicos.
A igreja rejeita qualquer possibilidade de "equiparar" o casal heterossexual ao casal homossexual e vê a homossexualidade como um "pecado grave", imoral e contrário à lei natural.
O papa Bento 16 qualificou de "grave erro" a aprovação de leis que regulamentem a união entre homossexuais, incluindo os pactos civis de solidariedade.
Cinco países -Reino Unido, Espanha, Bélgica, Holanda e Canadá- autorizam o casamento entre homossexuais, e a França reconhece os direitos e deveres das uniões homossexuais, por meio de um pacto civil.
Falando do início das conferências, Sergio Lo Giudice, presidente da Associação Italiana de Defesa dos Homossexuais, disse: "O Vaticano é a maior organização do mundo que se opõe à paridade de direitos. É uma organização rigorosamente masculina, influente, cheia de dinheiro, que se baseia na repressão da própria sexualidade e na renúncia da família".
A possibilidade de um dos países mais católicos da Europa, como a Itália, introduzir leis que reconheçam os casais homossexuais levou o Vaticano a lançar sua ofensiva, meses antes de eleições decisivas no país.
O líder da oposição de esquerda, o católico Romano Prodi, se comprometeu a reconhecer os direitos dos casais não-casados, incluindo os homossexuais, se vencer as eleições legislativas de 9 e 10 de abril.


Tradução de Clara Allain

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