São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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RELIGIÃO

Irã, ativo nos protestos contra charges de Muhammad, agora quer diálogo

Teerã pede calma a manifestantes

DA REDAÇÃO

O governo do Irã expressou ontem apoio aos apelos de lideranças muçulmanas e do mundo árabe pelo fim dos protestos violentos contra a publicação de charges do profeta Muhammad. Pelo menos 45 pessoas morreram em um mês de manifestações.
Em visita à sede da União Européia, em Bruxelas, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que ele e o chefe da diplomacia da UE, Javier Solana, pediram maior diálogo entre o mundo muçulmano e o Ocidente acerca de respeito e tolerância.
O Irã é um dos países mais ativos nos protestos contra as charges. Um jornal ligado ao governo lançou um concurso de charges do Holocausto para "testar os limites" da liberdade de expressão, e várias embaixadas ocidentais foram atacadas em Teerã.
"Aceitamos cooperar uns com os outros para acalmar a situação, não ofender os valores, particularmente os valores religiosos de um dos lados, e a liberdade de expressão do outro", disse Mottaki. "Não apoiamos a violência."
A crise começou em setembro passado, quando um jornal dinamarquês publicou uma série de charges de Muhammad. Além de o islã proibir retratos do profeta, para evitar a idolatria, alguns dos desenhos vinculavam Muhammad e o islã ao terrorismo. Desde então, embora outros jornais tenham republicado os desenhos, a Dinamarca tem sido o alvo preferencial da ira muçulmana.
O chanceler da Dinamarca, Per Stig Moeller, advertiu ontem que os terroristas da Al Qaeda podem explorar o clima de confronto. Ele criticou especialmente a atitude de um clérigo paquistanês que ofereceu US$ 1 milhão pela cabeça de um dos cartunistas. "Quando se coloca a cabeça de alguém a prêmio, isso é terrorismo", disse Moeller. "São as forças extremistas que desejam que a coisa toda continue. A Al Qaeda é uma delas, e vai atiçar o fogo."
No Afeganistão, onde 11 pessoas morreram em três dias de protestos no início do mês, cerca de 2.000 estudantes fizeram ontem uma manifestação gritando "longa vida a Osama", referência ao líder da Al Qaeda, e queimando bandeiras dos EUA e da Dinamarca e fotos do presidente americano, George W. Bush.
Também ontem, o papa Bento 16 tentou reduzir as tensões, dizendo que os símbolos religiosos devem ser respeitados, mas a violência não se justifica.


Com agências internacionais

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