|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PARAGUAI
Procurador-geral brasileiro recomenda ao Supremo que ex-general paraguaio enfrente julgamento em seu país
Brindeiro recomenda extradição de Oviedo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, recomendou ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) que autorize a extradição do ex-general paraguaio
Lino Cesar Oviedo, preso desde
junho de 2000 em Brasília.
Oviedo responde a dois processos na Justiça do Paraguai e tem
duas ordens de prisão decretadas.
Em um dos processos, ele é acusado de ter mandado matar Luis
Maria Argaña, vice-presidente do
Paraguai, em março de 1999.
O ex-general foi preso em Foz
do Iguaçu (PR) e imediatamente
transferido para Brasília por ordem de Maurício Corrêa, relator
do processo no Supremo. Ele está
preso no Batalhão de Operações
Especiais da Polícia Militar.
O ministro interrogou Oviedo
em dezembro. Corrêa deverá agora examinar o parecer do Ministério Público Federal e preparar o
seu voto para submeter a decisão
aos outros dez ministros do STF.
O advogado Costa Porto, que
defende Oviedo, argumenta que a
extradição tem motivação política
e que o cliente não teria julgamento justo em seu país. A Constituição brasileira não permite a extradição em razão de crime político.
Brindeiro considerou que o pedido de extradição formulado pelo governo do Paraguai atende a
todos os requisitos da Lei dos Estrangeiros e do Tratado de Extradição entre os dois países.
Ele descartou a existência de
motivação política, afirmando
que Oviedo é acusado de praticar
crimes comuns: homicídio doloso qualificado e lesões corporais.
O procurador-geral do Paraguai, Oscar Latorre, expressou satisfação com a decisão de Brindeiro: "É um respaldo à atuação da
Justiça paraguaia".
Em 1998, Oviedo, então favorito
nas eleições presidenciais, foi
condenado a dez anos de prisão
por tentativa de golpe em 96. Seu
vice, Raúl Cubas Grau, o substituiu na chapa governista, venceu
as eleições e lhe concedeu perdão.
Em março de 99, o vice-presidente Argaña foi assassinado. Acusados do crime, o presidente Cubas
e Oviedo deixaram o país. Cubas
está desde então exilado no Brasil,
enquanto Oviedo foi para a Argentina e depois ao Brasil.
Stroessner
Uma delegação do Senado do
Paraguai deverá se reunir com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso na semana que vem para
pedir que não seja renovado o exílio concedido ao ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner (54 a
89), que vive em Brasília e está, segundo fontes próximas, com a
saúde muito ruim.
Stroessner, 88, está no Brasil
desde 1989, quando foi deposto
por golpe militar. Se tiver de retornar ao Paraguai, será julgado
pelo menos em um processo sobre a tortura e desaparecimento
de dois irmãos em 1974.
"Stroessner é o único ditador na
América Latina que está sob proteção do asilo político", disse o
presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado paraguaio, Luis Alberto Mauro.
O grupo Tortura Nunca Mais,
do Rio de Janeiro, que atua em defesa de vítimas do regime militar,
iniciou ontem uma campanha para tentar pressionar o governo
brasileiro a suspender o asilo concedido ao ex-ditador.
O grupo está fazendo contatos
com outras entidades sugerindo o
envio de cartas e e-mails para a
Presidência da República e os ministérios da Justiça e das Relações
Exteriores pedindo o fim do asilo
a Stroessner.
Colaborou Léo Gerchmann, da Agência
Folha, em Porto Alegre.
Texto Anterior: Reino Unido: Polícia prende 85 por crimes de ódio em Londres Próximo Texto: Bálcãs: Governo macedônio dá ultimato de 24 horas a rebeldes albaneses Índice
|