DA REDAÇÃO

A queda de um helicóptero dos EUA no Kuait matou 16 soldados das forças anglo-americanas que atacam o Iraque. Foram as primeiras baixas entre os integrantes da operação Liberdade Iraquiana.
Na madrugada de hoje (hora local, noite de ontem pelo horário brasileiro), um helicóptero de transporte CH-46 Sea Knight caiu a 15 km da fronteira, causando a morte de 12 britânicos e 4 americanos. O Pentágono investiga se foi acidente ou ataque iraquiano.
A queda da aeronave ocorreu no início do segundo dia de operações. Ao término do primeiro, os EUA iniciaram ações terrestres, ao mesmo tempo que voltaram a atingir Bagdá, na segunda leva de bombas em 24 horas.
Apesar dos avanços de tropas na fronteira Kuait-Iraque e dos mais de 40 mísseis lançados sobre a capital iraquiana, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que os ataques até agora foram uma amostra do que as forças americanas ainda farão.
"O que se seguirá não será uma repetição de qualquer outro conflito. Terá força, amplitude e escala que irá além de tudo o que já vimos antes", declarou Rumsfeld.
O ataque terrestre começou pelo sul do Iraque, onde fuzileiros navais dos dois países cruzaram a fronteira para ganhar posições dentro do território iraquiano.
O avanço das tropas teve apoio de uma barragem de artilharia pesada -tanques, helicópteros e fuzileiros cobriram a operação, em um raio de 70 quilômetros.
As tropas invasoras foram divididas em dois grupos -o primeiro ganhou terreno em direção a Bagdá, o segundo, foi em direção a Basra, no sul do país.
A rede de TV CNN acompanhava a coluna para Bagdá, com imagens ao vivo. Não havia sinal de resistência iraquiana. É a primeira vez desde a Guerra no Vietnã que a mídia acompanha diretamente o avanço de uma unidade.
O comando dos EUA no Kuait afirmou que 27 soldados iraquianos que protegiam área na fronteira se renderam aos marines após rápido confronto, o primeiro em solo entre militares de EUA e Iraque. No combate, os EUA teriam usado um míssil portátil para destruir um tanque iraquiano.
A TV iraquiana também confirmou a presença das tropas dos EUA na fronteira ao sul, mas não admitiu a invasão. "Os covardes inimigos tentaram se infiltrar em nossas fronteiras, mas os bravos filhos do Iraque estavam esperando por eles", disse a emissora.
Segundo a agência de notícias oficial do Kuait, a cidade portuária de Umm Qasr já teria sido conquistada pelos EUA, com apoio de kuaitianos. O governo iraquiano nega a tomada de seu porto.
O Pentágono disse também que, no sul do Iraque, havia relatos de incêndios de três ou quatro campos de petróleo em Basra.
Segundo a agência Reuters, explosões foram ouvidas vindas da direção de Basra. A cidade, que também teria sido bombardeada ontem, é o maior centro do sul iraquiano e um dos primeiros pontos que a ofensiva de EUA e Reino Unido pretende tomar.
O segundo bombardeio de Bagdá começou pouco após as 20h (hora local, 14h, em Brasília). O ataque envolveu mísseis disparados de navios e submarinos dos EUA e do Reino Unido no golfo Pérsico e no mar Vermelho -mais de 40, segundo o Pentágono. O Iraque disse que foram 72 -alguns teriam sido destruídos por baterias antiaéreas.
Bagdá confirmou que a maior residência oficial de Saddam Hussein foi atingida. Também foram destruídos prédios dos ministérios do Planejamento, das Relações Exteriores e da Defesa.
O governo iraquiano informou a morte de quatro militares nos ataques em Bagdá -haveria outros quatro feridos. Segundo a Cruz Vermelha, um civil foi morto e 14 pessoas ficaram feridas.
A reação de Saddam ocorreu no disparo de mísseis contra o Kuait.
Antes do acidente que matou 16 soldados, os EUA já haviam perdido dois helicópteros em movimentações na região da fronteira. Segundo o Pentágono, as aeronaves fizeram pousos de emergência, após terem apresentado problemas técnicos. O governo iraquiano afirmou que as derrubou.
O Pentágono informou que um dos helicópteros, que caíra no Iraque, foi destruído pelos americanos para que não fosse tomado pelo Exército de Saddam Hussein.
No norte do Iraque, a agência France Presse identificou um incêndio, de origem desconhecida até a conclusão desta edição em Kirkuk, cidade de predominância curda. A TV Al Jazeera, do Qatar, identificou explosões em outra cidade do norte, Mosul, na qual sirenes de alarme haviam soado.