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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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AÇÃO MILITAR

Tropas entram no Iraque pelo sul; Pentágono diz que a maior ofensiva ainda não começou

EUA iniciam operações terrestres

DA REDAÇÃO

Ao término do primeiro dia da operação Liberdade Iraquiana, os EUA iniciaram ações terrestres, ao mesmo tempo que voltaram a atingir Bagdá, na segunda leva de bombas em menos de 24 horas.
Apesar das movimentações de tropas anglo-americanas na fronteira Kuait-Iraque e dos mais de 40 mísseis disparados contra a capital iraquiana, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que os ataques até agora foram uma amostra do que as forças americanas ainda farão.
"O que se seguirá não será uma repetição de qualquer outro conflito. Terá força, amplitude e escala que irá além de tudo o que já vimos antes", declarou Rumsfeld.
O ataque terrestre começou pelo sul do Iraque, onde fuzileiros navais dos dois países cruzaram a fronteira para ganhar posições dentro do território iraquiano.
O avanço das tropas teve apoio de uma barragem de artilharia pesada -tanques, helicópteros e fuzileiros montaram a cobertura para a operação, em um raio de cerca de 70 quilômetros.
As tropas invasoras foram divididas em dois grupos -o primeiro ganha terreno em direção a Bagdá, o segundo, segue em direção a Basra, no sul do país.
Segundo a rede CNN, a coluna para Bagdá, que não estaria enfrentando resistência, é liderada por helicópteros de reconhecimento Kiowa, seguidos por tanques Abrams e veículos Bradley.
Segundo a rede americana CBS, um grupo de soldados iraquianos que protegia uma área na fronteira se rendeu a esses fuzileiros navais. A rendição teria ocorrido após confronto, o primeiro choque em solo entre militares dos EUA e do Iraque.
A TV iraquiana também confirmou a presença das tropas dos EUA na fronteira ao sul, mas não admitiu a invasão. "Os covardes inimigos tentaram se infiltrar em nossas fronteiras, mas os bravos filhos do Iraque estavam esperando por eles", disse a emissora.
Segundo a agência de notícias oficial do Kuait, a cidade portuária de Umm Qasr já teria sido conquistada pelos EUA, com apoio de kuaitianos. O governo iraquiano nega a tomada de seu porto.
O Pentágono informou também que, ainda no sul do Iraque, havia relatos de incêndios de três ou quatro campos de petróleo na região de Basra.
Correspondentes da agência de notícias Reuters disseram ter ouvido sons de explosões vindos da direção de Basra. A cidade, que também teria sido bombardeada ontem, é o maior centro do sul iraquiano e um dos primeiros pontos que a ofensiva de EUA e Reino Unido pretende tomar.

Bagdá
O segundo bombardeio de Bagdá começou pouco após as 20h (hora local, 14h, em Brasília). O ataque, concentrado em cerca de dez minutos, envolveu mísseis disparados de navios e submarinos dos EUA e do Reino Unido no golfo Pérsico e no mar Vermelho -mais de 40, segundo o Pentágono. O Iraque disse que foram 72 -alguns teriam sido destruídos por baterias antiaéreas.
Caças F-14 e F/A-18 também lançaram, segundo os EUA, bombas de precisão de 900 quilos.
Bagdá confirmou que a maior residência oficial de Saddam Hussein foi atingida. Também foram destruídos prédios dos ministérios do Planejamento, das Relações Exteriores e da Defesa.
O governo iraquiano informou a morte de quatro militares nos ataques em Bagdá -haveria outros quatro feridos. Segundo a Cruz Vermelha, um civil foi morto e 14 pessoas ficaram feridas.
A reação de Saddam ocorreu no disparo de mísseis contra o Kuait.

Helicópteros
Os EUA perderam três helicópteros ontem em movimentações na região da fronteira. Segundo o Pentágono, duas das aeronaves fizeram pousos de emergência, após terem apresentado problemas técnicos. O governo iraquiano afirmou que as derrubou. Não havia dados sobre mortes nem detalhes sobre a terceira queda.
Os seis tripulantes do helicóptero MH-53 Pave Low e os dois do helicóptero de ataque Apache foram resgatados sem ferimentos. O Pentágono informou que um dos helicópteros, que caíra no Iraque, foi destruído pelos americanos para que não fosse tomado pelo Exército de Saddam Hussein.
No norte do Iraque, a agência France Presse identificou um incêndio, de origem desconhecida até a conclusão desta edição em Kirkuk, cidade de predominância curda. A TV Al Jazeera, do Qatar, identificou explosões em outra cidade do norte, Mosul, na qual sirenes de alarme haviam soado.


Com agências internacionais


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