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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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PELA PAZ

Polícia prende mais de mil em protestos contra a guerra em várias cidades norte-americanas

'O DIA DA VERGONHA'

James Morgan/Reuters
Surfista usa prancha para protestar em ato na Austrália


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Mais de 1.300 pessoas foram presas ontem durante um protesto contra a guerra em San Francisco, cifra que poderia subir durante a noite. Foi o maior número de pessoas presas num mesmo dia na cidade por participarem de uma manifestação em 22 anos.
Os detidos faziam parte de um protesto que bloqueou as ruas da cidade com cartazes que diziam "Não à guerra por petróleo" e "Detenham os bombardeios".
"A polícia faz exatamente o que tem de fazer, um esforço para manter as ruas limpas", disse o prefeito da cidade, Willie Brown.
Foram registradas cerca de 200 outras prisões de manifestantes nos EUA, principalmente em Washington e na Filadélfia.
Na capital, cerca de cem manifestantes se reuniram em áreas próximas à Casa Branca e cerca de 350 bloquearam ruas da cidade.
Em Nova York, um protesto reuniu milhares de pessoas na Times Square, mas foi prejudicado pela forte chuva que caía no local. "Um ano atrás vocês eram nossos heróis", gritava um manifestante enquanto outro era repreendido pela polícia. "Não se transformem em nossos inimigos."
Houve protestos em diversas universidades pelo país. Em Harvard, pelo menos 1.500 estudantes participaram de ato. Em Berkeley, estudantes ocuparam durante horas o principal prédio administrativo da universidade e 117 foram detidos e liberados em seguida. Dezenas de manifestantes foram presos em Pittsburgh. Em Chicago, a polícia usou gás de pimenta para dispersar manifestantes. O protesto na cidade reuniu cerca de 2.500 pessoas.

Críticas
A repressão aos protestos gerou críticas. "Numa administração que já mostrou não respeitar liberdades civis de não-americanos, é de esperar que faça isso também com outras pessoas", disse Philippa Strum, diretora de estudos dos EUA do Woodrow Wilson Center for Scholars.
"Sempre tivemos as liberdades civis restringidas durante períodos de guerra. Acho que haverá algum aperto a partir de agora, mas a maioria dos americanos não vai ver isso. Será concentrado em alguns grupos, como os árabes. Mas no longo prazo as coisas voltam ao normal", disse Paul Rosenzweig, pesquisador da Heritage Foundation, de Washington.
"É verdade que é normal a restrição de direitos durante a guerra, mas não é verdade que isso seja uma coisa boa", afirma.


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