São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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ÁSIA

Referendo sobre relação com a China fracassa; oposição pede anulação do pleito por conta de pequena diferença de votos

Presidente de Taiwan se reelege após ataque

DA REDAÇÃO

Um dia após sofrer uma tentativa de assassinato, o presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, se reelegeu para um novo mandato de quatro anos com uma vantagem de apenas 29,5 mil votos -de um universo de 13 milhões- sobre seu adversário, Lien Chan. Mas Chen sofreu uma derrota política diante do fracasso de um referendo convocado por ele sobre as relações entre a ilha e a China.
Lien questionou o pleito e pediu sua anulação, alegando que o resultado foi influenciado pelo episódio da véspera, quando Chen e sua vice, Annette Lu, foram atingidos de raspão por tiros na cidade natal do presidente, Tainan. Na manhã de hoje, cerca de mil pessoas, lideradas por Lien, fizeram uma marcha de protesto diante da sede do governo, em Taipei, exigindo a recontagem dos votos.
"Não foi uma eleição honesta. Já pedimos à comissão eleitoral central que apreenda e lacre todas as urnas", declarou Lien, chefe do Partido Nacionalista (Kuomintang). "A pequena diferença de votos foi obtida em condições suspeitas, o impacto do atentado sobre essa eleição foi direto. Até agora, não tivemos uma explicação clara da verdade sobre os tiros", disse ele.
Pouco foi divulgado sobre as circunstâncias do atentado. Nenhum suspeito foi preso, e as autoridades já descartaram suspeitas sobre a China, que considera Taiwan uma "Província rebelde".
"Ninguém sabe de onde veio a bala", disse Chen. Ontem a polícia interrogaria uma testemunha que afirmou ter visto um suspeito, um homem de meia-idade usando uma camiseta de apoio a Chen, segundo o jornal "China Times Express". Uma recompensa equivalente a US$ 697 mil foi oferecida a quem der informações.
A comissão eleitoral anunciou que Chen obteve 6.471.970 votos contra 6.442.452 de seu adversário. Quando foi eleito pela primeira vez, há quatro anos, Chen obteve uma vantagem de 300 mil votos sobre um partido adversário dividido entre vários candidatos.
O presidente já fez seu discurso da vitória. "É uma nova era para a solidariedade e a harmonia, uma nova era para a paz", disse. "Pedimos às autoridades em Pequim que olhem positivamente para o resultado da eleição e do referendo", afirmou, exortando a China a retirar os mísseis que tem voltados para o país. Uma das perguntas do referendo era se Taiwan deveria reforçar sua segurança diante dessa situação, e a outra questionava se deveriam ser mantidas negociações de paz.
Mas o referendo foi um fracasso político para Chen. A oposição havia afirmado que o presidente não tinha autoridade legal para convocar a consulta e exortou os eleitores a boicotá-la. A participação ficou em 45%, abaixo dos 50% necessários para validação, ainda que 92% dos votantes tenham respondido "sim".
A China ainda não se pronunciou sobre os resultados. Antes da consulta, Pequim dissera que o referendo era uma "provocação", enquanto os EUA, a França, o Japão e outros aliados ocidentais de Taiwan disseram que Chen corria o risco de desestabilizar sua já delicada relação com Pequim. China e Taiwan romperam em 1949. A ilha goza de autonomia, mas não tem status de país. Pequim quer a reunificação.


Com agências internacionais


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