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Rússia ameaça romper acordo nuclear com Teerã
Moscou cessará remessa de combustível se Irã insistir em enriquecer urânio
Segundo o "New York Times", os russos estão descontentes com falta de pagamento por construção de reator atômico para o Irã
DA REDAÇÃO
A Rússia ameaçou interromper o fornecimento de combustível nuclear ao Irã se o país do
Oriente Médio continuar se recusando a suspender seu processo de enriquecimento de
urânio, informou ontem o jornal "New York Times".
Segundo a matéria do "Times", o ultimato foi dado, na
semana passada, pelo secretário do Conselho de Segurança
Nacional Russo, Igor S. Ivanov,
ao segundo homem na cadeia
de comando das negociações
nucleares iranianas, Ali Hosseini Tash. O jornal atribui as
informações a membros dos
governos da Rússia e do Irã.
O combustível nuclear que os
russos fornecem aos iranianos
está incluso no contrato da
construção de um reator no Irã.
O reator de Bushehr, já quase
pronto, não tem potencial bélico e vinha sendo tratado por
Moscou como um assunto separado das pretensões iranianas de enriquecer urânio em
escala industrial -pretensões
essas que renderam a Teerã a
imposição de sanções comerciais pela ONU.
O embaixador da Rússia na
ONU, Vitaly Churkin, apressou-se a desmentir o "New
York Times". "Posso lhes garantir que (...) não houve nenhum tipo de ultimato da Rússia ao Irã", disse.
Mas Churkin não foi rápido o
bastante para impedir que a TV
estatal iraniana repercutisse a
reportagem, declarando que a
Rússia está se tornando um
"parceiro não-confiável" e que
o ultimato é uma reação a pressões políticas.
A construção do reator de
Bushehr já havia causado entre
Teerã e Moscou um mal-estar,
que veio a público na semana
passada, quando a agência nuclear russa, Rosatom, afirmou
que os iranianos estavam atrasados no pagamento das duas
últimas parcelas mensais estabelecidas no contrato, de US$
25 milhões cada uma. A Rosatom anunciara na ocasião que,
enquanto não recebesse o dinheiro, não daria o combustível. O Irã reagiu dizendo que os
pagamentos estavam em dia.
O atraso nos pagamentos iranianos é uma hipótese para o
fato de Moscou ter subido o
tom, ter envolvido a questão do
urânio no problema e, assim,
ter mudado uma posição que
mantinha de resistência à pressão dos EUA para expandir as
sanções ao Irã.
Outra possibilidade, aventada por diplomatas, seria o fato
de que os negócios com o Irã estariam bloqueando as possibilidades de a Rússia firmar acordos com outros países no campo da energia nuclear. Esses
acordos seriam a prioridade do
novo presidente da Rosatom,
que assumiu há duas semanas.
Por ter relações comerciais
com o Irã, e pretender manter
independência em relação aos
EUA, Moscou sempre dificultou o processo de adoção de
sanções, no âmbito do Conselho de Segurança (CS) da ONU,
contra Teerã.
Debandada
Embora Moscou negue ter
feito o ultimato, diplomatas europeus e americanos disseram
que desde a semana passada
técnicos russos estão deixando
a usina de Bushehr, no Irã.
A pressão russa vem num
momento ruim para Teerã, dado que está agendada para esta
semana o início da reunião do
CS da ONU que votará a imposição de mais sanções ao Irã. A
primeira leva delas foi aprovada em dezembro. O presidente
do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deve falar na reunião.
Com agências internacionais
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