São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007

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Incêndio mata 62 em asilo russo

Governo acusa funcionários de negligência; vigia ignorou alarmes e saída de emergência estava trancada

Presidente Putin determina que o Kremlin coordene as investigações sobre a tragédia e sobre explosão em mina que matou 107

DA REDAÇÃO

Um incêndio em um asilo na Rússia matou ontem ao menos 62 pessoas, entre idosos e funcionários. A hipótese aventada é que o fogo tenha sido causado por um curto-circuito, mas integrantes do governo russo admitem que houve negligência dos responsáveis pelo local.
Segundo uma porta-voz do Ministério de Emergência russo, o vigia do asilo ignorou dois alarmes de incêndio até acionar os bombeiros, que levaram quase uma hora para chegar à vila de Kamyshevatskaya, na região do mar Azov, sul do país.
O posto dos bombeiros da vila, que abriga uma escola também, foi fechado em 2006.
A tragédia no sul da Rússia aconteceu horas depois de uma explosão de gás metano matar ao menos 107 pessoas em uma mina de carvão na Sibéria, no maior acidente na indústria mineira desde o colapso da União Soviética, em 1991.
No final de semana, um avião caiu na cidade de Samara. Seis dos 57 passageiros morreram, mas houve pelo menos 20 minutos de demora até que o resgate das vítimas começasse.
Acusado de ser insensível ou de não tomar parte das investigações em tragédias anteriores, o presidente russo, Vladimir Putin, distribuiu nota em que declarou luto no país hoje e enviava condolências aos parentes das vítimas. Ele ordenou que o Kremlin coordene as apurações sobre as causas dos três acidentes.
Putin também prometeu investir na segurança de locais públicos no país - há denúncias de que avisos sobre irregularidades de procedimentos de segurança são ignorados.
Pelo menos 153 instituições públicas, entre escolas e hospitais, estão em uma "lista negra" do Ministério de Emergência por falta de condições de segurança. Em 2006, quase 18 mil russos morreram por causa de incêndios, número bem maior que a média nos EUA.
No ano passado, o fogo matou 45 mulheres pacientes de um centro de recuperação de viciados em drogas em Moscou. Vários corpos foram encontrados diante da saída de emergência fechada.

Sem saída
O fogo no asilo começou pouco depois da 1h de ontem, horário russo, enquanto a maioria dormia. Funcionários e moradores tentaram salvar os idosos quando as chamas já tomavam conta do prédio.
Pelo menos metade dos velhinhos precisava de ajuda para caminhar e não conseguiu escapar sozinha. Pior: a chave da saída de emergência, trancada, não foi encontrada. Alguns batiam nas janelas pedindo ajuda, segundo o relato de moradores e da imprensa local.
Havia 97 pessoas no asilo no momento do incêndio. Outros 30 idosos ficaram feridos, um está em estado grave. Entre os mortos, está uma enfermeira.
"Eu corri até aqui, via as chamas e comecei a tentar ajudar as pessoas do segundo andar a sair", disse o morador Yevgeny Solomin a uma TV. "Mas o que poderíamos fazer?"
Um funcionário das equipes de emergência disse a uma TV russa que o local não possuía extintores de incêndio e máscaras de oxigênio suficientes.


Com agências internacionais


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