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SUCESSÃO NOS EUA / ECONOMIA E GUERRA
Obama relaciona Iraque à crise econômica
Pré-candidato muda foco para afastar polêmica racial causada por ex-pastor, que lhe tira votos e favorece Hillary em pesquisa
Guerra também foi assunto de McCain, que, de Londres, defendeu a permanência das tropas; Hillary propõe pacote de US$ 30 bilhões
DA REDAÇÃO
O pré-candidato democrata à
Presidência dos EUA Barack
Obama tem aproveitado o aniversário de cinco anos da invasão do Iraque para focalizar seu
discurso em críticas à guerra no
país do Oriente Médio e, assim,
esfriar o tema do racismo, abordado em discurso no último dia
18, na Filadélfia.
Obama voltou a criticar ontem, na Virgínia Ocidental, a
presença americana no Iraque,
apontando para os danos à economia que uma mal planejada
campanha militar tem, segundo ele, causado.
"Num momento em que estamos à beira da recessão,
quando encontramos bairros
em que todas as casas têm placas "à venda" penduradas e as
famílias estão tentando administrar custos cada vez mais altos, os americanos comuns estão pagando o preço dessa
guerra", disse o senador.
As palavras de Obama vão,
em tese, ao encontro de sentimento da maioria dos americanos -pesquisa da CNN de anteontem revela que 71% deles
vêem a Guerra do Iraque como
prejudicial à economia do país.
Obama não se absteve ainda
das habituais críticas a Hillary
Clinton e ao republicano
McCain. Ele lembrou que a ex-primeira dama só passou a se
opor à campanha no Iraque recentemente -Hillary votou em
2003, no Senado, autorizando a
invasão- e disse que McCain
"parece determinado a levar
adiante um "terceiro mandato
de Bush'". As primárias na Virgínia Ocidental serão em 13 de
maio e Obama, que tem por ora
a maioria dos delegados do partido, tenta aplacar a tendência
pró-Hillary no Estado.
A Guerra do Iraque foi tema
também para John McCain,
que esteve ontem em Londres,
após deixar o Oriente Médio.
McCain, que se encontrou
com o premiê do Reino Unido,
Gordon Brown, afirmou que
sair do Iraque apressadamente,
como querem os democratas,
beneficiaria a Al Qaeda e o Irã.
O senador republicano disse,
porém, que sua crítica à retirada não se referia à estratégia
britânica, tendo elogiado o que
qualificou como bravura dos
soldados do Reino Unido.
Gordon Brown prometera
reduzir o contingente de seu
país no Iraque de 4.000 pra
2.500 nos próximos meses.
Pastor Wright
O tema racial está preocupando a campanha de Obama,
cujos membros têm monitorado os comentários e a recepção
do discurso da Filadélfia, para
ver se ele desfaz o impacto negativo provocado pela veiculação de sermões incendiários do
ex-pastor do candidato, Jeremiah Wright. Wright chegou a
dizer que os negros deveriam
cantar "Deus amaldiçoe [em
vez de abençoe] a América".
No discurso do dia 18, Obama
distanciou-se dos comentários
de Wright, mas disse que não
poderia renegá-lo, como não
poderia renegar sua avó branca, que sentia medo quando
cruzava na rua com um negro.
A divisão racial, afirmou, permanece na cabeça dos americanos e não pode ser ignorada.
A essa preocupação soma-se
pesquisa do Instituto Gallup
em que Hillary aparece com sete pontos percentuais de vantagem sobre ele entre os eleitores
do Partido Democrata. A pesquisa, feita com 1.209 pessoas
entre 14 e 18 de março, indica
que a senadora por Nova York
tem 49% da preferência, contra
42% de Obama. A margem de
erro é de três pontos percentuais nesse levantamento, o
primeiro a indicar uma vantagem mais larga de Hillary desde
a Superterça, em 5 de fevereiro.
A ex-primeira-dama também abordou a economia americana ontem, pedindo um pacote de US$ 30 bilhões para
frear a crise no mercado imobiliário. O dinheiro, segundo o
pacote proposto por Hillary,
seria usado em fundos emergenciais para outras esferas de
governo e organizações sem
fins lucrativos comprarem propriedades, revendendo-as à população de baixa renda ou alugando-as a preços acessíveis.
Para a senadora, o pacote de
estímulos fiscais do governo
Bush, de US$ 168 bilhões, não
ataca o problema das pessoas
que perderam suas casas por
não poderem pagar a hipoteca.
Com agências internacionais e o "New York Times"
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