São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ECONOMIA E GUERRA

Obama relaciona Iraque à crise econômica

Pré-candidato muda foco para afastar polêmica racial causada por ex-pastor, que lhe tira votos e favorece Hillary em pesquisa

Guerra também foi assunto de McCain, que, de Londres, defendeu a permanência das tropas; Hillary propõe pacote de US$ 30 bilhões

DA REDAÇÃO

O pré-candidato democrata à Presidência dos EUA Barack Obama tem aproveitado o aniversário de cinco anos da invasão do Iraque para focalizar seu discurso em críticas à guerra no país do Oriente Médio e, assim, esfriar o tema do racismo, abordado em discurso no último dia 18, na Filadélfia.
Obama voltou a criticar ontem, na Virgínia Ocidental, a presença americana no Iraque, apontando para os danos à economia que uma mal planejada campanha militar tem, segundo ele, causado.
"Num momento em que estamos à beira da recessão, quando encontramos bairros em que todas as casas têm placas "à venda" penduradas e as famílias estão tentando administrar custos cada vez mais altos, os americanos comuns estão pagando o preço dessa guerra", disse o senador.
As palavras de Obama vão, em tese, ao encontro de sentimento da maioria dos americanos -pesquisa da CNN de anteontem revela que 71% deles vêem a Guerra do Iraque como prejudicial à economia do país.
Obama não se absteve ainda das habituais críticas a Hillary Clinton e ao republicano McCain. Ele lembrou que a ex-primeira dama só passou a se opor à campanha no Iraque recentemente -Hillary votou em 2003, no Senado, autorizando a invasão- e disse que McCain "parece determinado a levar adiante um "terceiro mandato de Bush'". As primárias na Virgínia Ocidental serão em 13 de maio e Obama, que tem por ora a maioria dos delegados do partido, tenta aplacar a tendência pró-Hillary no Estado.
A Guerra do Iraque foi tema também para John McCain, que esteve ontem em Londres, após deixar o Oriente Médio.
McCain, que se encontrou com o premiê do Reino Unido, Gordon Brown, afirmou que sair do Iraque apressadamente, como querem os democratas, beneficiaria a Al Qaeda e o Irã. O senador republicano disse, porém, que sua crítica à retirada não se referia à estratégia britânica, tendo elogiado o que qualificou como bravura dos soldados do Reino Unido.
Gordon Brown prometera reduzir o contingente de seu país no Iraque de 4.000 pra 2.500 nos próximos meses.

Pastor Wright
O tema racial está preocupando a campanha de Obama, cujos membros têm monitorado os comentários e a recepção do discurso da Filadélfia, para ver se ele desfaz o impacto negativo provocado pela veiculação de sermões incendiários do ex-pastor do candidato, Jeremiah Wright. Wright chegou a dizer que os negros deveriam cantar "Deus amaldiçoe [em vez de abençoe] a América".
No discurso do dia 18, Obama distanciou-se dos comentários de Wright, mas disse que não poderia renegá-lo, como não poderia renegar sua avó branca, que sentia medo quando cruzava na rua com um negro. A divisão racial, afirmou, permanece na cabeça dos americanos e não pode ser ignorada.
A essa preocupação soma-se pesquisa do Instituto Gallup em que Hillary aparece com sete pontos percentuais de vantagem sobre ele entre os eleitores do Partido Democrata. A pesquisa, feita com 1.209 pessoas entre 14 e 18 de março, indica que a senadora por Nova York tem 49% da preferência, contra 42% de Obama. A margem de erro é de três pontos percentuais nesse levantamento, o primeiro a indicar uma vantagem mais larga de Hillary desde a Superterça, em 5 de fevereiro.
A ex-primeira-dama também abordou a economia americana ontem, pedindo um pacote de US$ 30 bilhões para frear a crise no mercado imobiliário. O dinheiro, segundo o pacote proposto por Hillary, seria usado em fundos emergenciais para outras esferas de governo e organizações sem fins lucrativos comprarem propriedades, revendendo-as à população de baixa renda ou alugando-as a preços acessíveis.
Para a senadora, o pacote de estímulos fiscais do governo Bush, de US$ 168 bilhões, não ataca o problema das pessoas que perderam suas casas por não poderem pagar a hipoteca.


Com agências internacionais e o "New York Times"


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