São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Governador anuncia repatriação de fundos que Kirchner pôs no exterior

Em 2007, ex-presidente havia dito que dinheiro já tinha voltado à Argentina

DA REDAÇÃO

O governador da Província argentina de Santa Cruz, Daniel Peralta, anunciou que repatriará na próxima terça os fundos depositados no exterior pelo ex-presidente Néstor Kirchner, que governou a Província entre 1991 e 2003.
Em 1993, Santa Cruz, Província petroleira, obteve vitória judicial e recebeu US$ 535 milhões de "royalties" atrasados do governo argentino. Kirchner depositou o dinheiro no exterior, primeiro em Nova York e depois na Suíça.
Em 2005, já na Presidência, Kirchner anunciou que o então governador e seu aliado, Carlos Acevedo, repatriaria o que restara do dinheiro. Em maio do ano passado, em uma entrevista, o então presidente reiterou: "Os fundos estão todos repatriados, depositados no Banco da Província de Santa Cruz".
Reportagem do "La Nación" da semana passada, porém, revelou que ao menos US$ 390 milhões da Província permanecem depositados no banco Credite Suisse, em Genebra.
"Os fundos voltarão em dólares, na próxima terça. São os mesmos que soube usar, e muito bem, nosso ex-presidente. É uma decisão apoiada por ele e pela presidente [Cristina Fernández de Kirchner]", anunciou anteontem à noite Peralta.
Era esperado que a própria Cristina, que esteve em visita a Santa Cruz, falasse sobre o assunto, mas ela não o mencionou -Peralta só fez o anúncio após sua partida.

Investigação
A decisão de repatriar os fundos não fará o procurador Andrés Vivanco desistir de investigar o caminho que o dinheiro fez nos últimos 15 anos. "A investigação que eu pretendo que se realize é sobre o período 1993-2006; se nesse lapso se cometeu algum delito, isso já é fato consumado."
Vivanco pediu à Justiça a indagatória de Kirchner, Acevedo e seus sucessores Héctor Icazuriaga e Carlos Sancho, sob a suspeita de aplicação indevida de fundos públicos, peculato e incumprimento de deveres funcionais.
Ao anunciar a repatriação do dinheiro, Peralta disse que "não se sabe com exatidão" quanto dinheiro da Província ainda está no exterior e que essa informação só será divulgada quando o dinheiro estiver depositado no Banco Nación.
Em 1993, Kirchner recebeu parte do dinheiro em ações da petroleira YPF, que valiam US$ 19 cada; em 1999, ele as vendeu por US$ 44,78 cada. Políticos da oposição dizem que hoje deveria haver mais de US$ 1 bilhão. Kirchner se defende afirmando que parte do dinheiro foi investida em obras na Província -só são oficialmente conhecidos US$ 128,5 milhões investidos dessa maneira.
"Devemos celebrar que Santa Cruz recupere os fundos. Mas temos que avaliar se o que voltou é tudo que deveria voltar. São 15 anos de operações financeiras desconhecidas", afirmou o deputado oposicionista Claudio Lozano.


Com agências internacionais


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