São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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análise

Cacofonia marca mensagens ao regime islâmico

DE WASHINGTON

Ao tentar reaproximar os EUA do Irã, o presidente Barack Obama tem tido que lidar não só com a oposição de Israel, seu principal aliado na região, mas com as ressalvas levantadas pelo que analistas estão chamando de "falcões obamistas", funcionários que defendem linha mais dura em relação ao regime de Teerã.
Esses seriam liderados pela secretária de Estado, Hillary Clinton, ausente tanto dos preparativos da mensagem de anteontem como das reações oficiais a ela.
A divergência de posições entre os dois políticos quanto a como lidar com o regime dos aiatolás é herança da campanha, em que Obama falava de "diálogo" enquanto a ex-primeira-dama, sua rival na disputa pela candidatura democrata, cogitava a hipótese de "aniquilar" o Irã, em caso de ataque a Israel.
Esse ruído foi exacerbado com a indicação de Dennis Ross para ser o "conselheiro especial do Departamento de Estado para o golfo Pérsico e o sudoeste Asiático"-isto é, para o Irã. Ex-membro da administração de Bill Clinton (1993-2001), o diplomata foi diretor do Jewish People Policy Planning Institute, baseado em Jerusalém, e defendeu a invasão do Iraque pelos EUA em 2003.
A ambiguidade do time de política externa explicaria os sinais confusos emitidos ora pela Casa Branca, ora pela Chancelaria em relação a como lidar com o Irã.
Há poucos dias, por exemplo, Obama renovou por um ano as sanções econômicas contra o país. Há poucos dias, por sua vez, Hillary anunciou que convidaria membros do governo dos aiatolás para uma reunião sobre o Afeganistão a ser feita no âmbito da ONU no próximo dia 31.
A aparente falta de sintonia podia ser sentida nas entrevistas coletivas dadas ontem por porta-vozes de ambas as instâncias. Enquanto Robert Gibbs, da Casa Branca, aludia à possibilidade de novas ações amistosas em relação ao Irã, Robert Wood, do Estado, dizia que não podia afirmar com certeza em que grau se deu a participação da Chancelaria no vídeo.
A única constante parece ser a tensão do aliado Israel a respeito de qualquer movimento dos EUA em direção a uma distensão com o Irã. (SD)


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