São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011

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Líbios em Benghazi festejam início de ofensiva militar

Quase não há mais vestígios da presença do governo central de Trípoli em algumas cidades do leste do país

Temor passou a ser os agentes secretos leais a Gaddafi que circulam entre os moradores do principal reduto rebelde

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BAYDA (LÍBIA)

Os moradores de Benghazi, capital rebelde da Líbia, festejaram ontem com disparos para o alto e buzinaços a retirada das tropas de Muammar Gaddafi da cidade um dia após ofensiva que deixou dezenas de insurgentes mortos na cidade e nos arredores.
A notícia do recuo militar na segunda maior cidade líbia ecoou por todo o leste do país, alimentando a expectativa de que os ganhos territoriais, políticos e militares dos rebeldes serão consolidados.
Controladas há várias semanas pelos rebeldes, cidades como Tobruk e Bayda têm ares de plena normalidade -lojas abertas, trânsito carregado e gente na rua, inclusive mulheres e crianças.
Praticamente não há mais vestígios da presença do governo central de Trípoli. Policias fugiram das ruas e bandeiras verdes, símbolo do regime de Gaddafi, desapareceram, cedendo lugar à bandeira tricolor onipresente.
Pontos de entrada e áreas centrais da cidade são controladas por rebeldes armados - militares desertores ou civis à paisana. Tanques e baterias antiaéreas do Exército tomadas pelos militares estão posicionados nas estradas do leste líbio.
A extremo leste, no posto de fronteira com o Egito, voluntários à paisana identificados com um crachá com as cores da bandeira rebelde atuam como forças oficiais. Mas a precariedade evidencia o vácuo institucional.
Estrangeiros que entram na Líbia têm o nome registrado à mão num caderno, mas passaportes não são carimbados. A segurança é feita tanto por militares desertores como por jovens sem experiência no manejo das armas -escassas e envelhecidas.
"Gaddafi está frito, mas ele ainda é muito perigoso", diz Oussama Saber, 27, morador de Tobruk, refletindo o sentimento mesclado de boa parte da população do leste líbio.
Apesar do otimismo, moradores de Benghazi e demais centros urbanos do oeste temem que militares e civis armados leais ao ditador estejam escondidos para preparar novos ataques.
Há temores de ações pontuais como assassinatos de residentes e depredação de prédios e lojas.
Segundo Mustafá Guerdani, porta-voz rebelde, Benghazi e demais cidades da região ainda estão longe de ser lugares seguros.


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