São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011

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Referendo no Egito aprova mudanças na Constituição

Votação feita às pressas favorece Irmandade Islâmica e partido do ex-ditador; "sim" alcançou 77% em pleito com baixa adesão

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Referendo constitucional realizado ontem no Egito resultou em uma aprovação significativa de reformas, abrindo espaço para eleições parlamentares e presidenciais no curto prazo e eliminando restrições aos direitos políticos.
No sábado, milhões aguardaram durante horas para participar da primeira votação livre em meio século.
A Comissão Eleitoral anunciou que 77% dos eleitores foram favoráveis às mudanças na Constituição.
Sete artigos foram modificados e um oitavo foi eliminado. Com isso, a reeleição presidencial ficou limitada a dois mandatos e os requisitos para candidatura à Presidência foram reduzidos.
Um membro do Conselho Supremo das Forças Armadas declarou que o órgão deve estabelecer um calendário para as eleições, que são fundamentais para transformações mais amplas, como uma nova Constituição.
Dos 45 milhões de eleitores convocados, apenas 18,5 milhões compareceram às urnas -uma taxa de adesão de aproximadamente 42%. Mais de 4 milhões de eleitores votaram pelo "não".
"Trabalhamos durante dez dias sem dormir e concluímos o processo da melhor maneira possível, pois este é o primeiro referendo na história do Egito", declarou Mohamed Ahmed Atiya, presidente da comissão.
Atiya contabilizou dez denúncias de irregularidades. Segundo ele, todas já foram encaminhadas à Justiça.

OPOSIÇÃO
Para a oposição, o tempo de preparação do referendo foi curto demais, o que favoreceu a vitória da Irmandade Islâmica e do partido do ex-presidente Hosni Mubarak.
Esses dois últimos grupos representam as forças políticas mais estruturadas do Egito e defenderam o "sim".
Os defensores do "não" -entre eles o prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, e os líderes da minoria copta- argumentavam pela necessidade de uma ruptura total com o regime anterior e pela redação de uma Constituição inteiramente nova.
Segmentos da sociedade temem a posição da Irmandade Muçulmana sobre o papel das mulheres e das minorias cristãs em um possível governo islâmico, se poderiam concorrer à Presidência ou integrar a magistratura.
ElBaradei e um grupo de seguidores foram hostilizados com pedras e garrafas do lado de fora de um posto de votação no Cairo.
O argumento do "sim" era a estabilidade do país, necessária para continuar a transição à democracia.


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