São Paulo, Domingo, 21 de Março de 1999
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ARGENTINA
Província de Catamarca elege seu governador
Eleição hoje pode ser decisiva para Menem

MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires

Embora os eleitores de Catamarca respondam por apenas 0,7% do eleitorado da Argentina, a eleição de hoje para governador da Província poderá decidir os rumos da política nacional este ano.
O candidato favorito é Oscar Castillo, da Frente Cívica e Social, uma coalizão da UCR (União Cívica Radical) com partidos menores. Segundo as pesquisas, Castilho tem 45,3% das intenções de voto, contra 32,6% do seu principal oponente, Ramón Saadi, do Partido Justicialista.
Há oito anos no governo de Catamarca, a UCR tem mais de 50% de aprovação popular, o que aumenta o cacife de Oscar Castillo. Como se não bastasse, Castillo é filho do atual governador, Arnoldo.
Na sexta à tarde, o presidente Carlos Menem foi pela terceira vez fazer campanha em Catamarca. Tenta virar o placar a favor de Saadi e obter uma espécie de vitória pessoal -que lhe serviria de passaporte para continuar brigando por seu projeto reeleicionista.
Mas tudo leva a crer que Catamarca enterrará de vez o sonho do presidente de um terceiro mandato consecutivo. Não só as pesquisas abonam essa previsão, mas também os desgastes sofridos pelo menemismo nos últimos dias.
As eleições de Catamarca acontecem talvez no pior momento político do presidente Menem. Depois de voltar com toda a carga ao tema da "re-reeleição", coisa que a Constituição argentina proíbe, Menem passou por maus momentos na última semana.
Primeiro, a oposição e um amplo setor do Partido Justicialista -que apóia o governador de Buenos Aires, Eduardo Duhalde- se uniram pela Constituição e contra Menem.
Dessa união ficou acertado que se realizará na capital e na Província de Buenos Aires, provavelmente no próximo dia 28, um plebiscito para saber quem é favorável a que Menem continue no poder (estima-se que mais de 70% dos argentinos sejam contra).
Menem poderia ser recompensado caso Saadi, um fervoroso adepto da "re-reeleição", vencesse hoje.
No entanto, se as pesquisas se confirmarem, e Saadi for derrotado, isso poderá representar um xeque-mate para o presidente Menem, que provavelmente teria de renunciar publicamente ao seu projeto -como já o fizera em julho de 98- antes que o plebiscito terminasse de liquidá-lo.


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