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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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Washington planeja manter acesso a bases no Iraque

THOM SHANKER
ERIC SCHMITT
DO "THE NEW YORK TIMES"

Os EUA planejam criar um relacionamento militar de longo prazo com o novo governo do Iraque, algo que garanta ao Pentágono o acesso a bases no país e projete a influência dos EUA na região. A informação foi divulgada por membros do governo Bush.
Militares americanos falaram da idéia de manter possivelmente quatro bases americanas no Iraque: uma no aeroporto internacional de Bagdá, na periferia da cidade; outra em Tallil, perto de Nassiriah, no sul; a terceira numa pista de pouso isolada conhecida como H-1, no deserto ocidental, perto do velho oleoduto que vai até a Jordânia; e a última na pista de Bashur, no norte do país, região dominada pelos curdos.
Os militares já estão usando essas bases para lançar as operações que ainda continuam contra os resquícios do governo deposto, para entregar alimentos e outras provisões e para lançar patrulhas de reconhecimento. Mas quando a força invasora deixar o país, nos próximos meses, entregando o controle ao novo governo iraquiano, o Pentágono espera ganhar acesso a essas bases. Isso vai depender das relações que vão existir entre Washington e quem assumir o poder em Bagdá. Se os laços entre eles forem suficientemente estreitos, o relacionamento militar pode vir a se tornar um dos fatos novos mais importantes na revolução estratégica ocorrendo no Oriente Médio.
Isso poderia ser sentido na Síria e, somado à presença no Afeganistão, irá cercar o Irã de uma rede de influência americana.
Os EUA têm plena consciência de que a crescente presença militar americana no Oriente Médio e no sudoeste da Ásia pode dar lugar a acusações de imperialismo e criar novos alvos para ações terroristas. Assim, sem fanfarra, o Pentágono começou a reduzir sua presença militar na região, procurando aliviar as tensões internas na Turquia e na Jordânia.
Os americanos provavelmente vão reduzir as forças que mantêm na Arábia Saudita. Afinal, a principal razão para sua presença no país era proteger o governo saudita em relação ao Iraque.
Autoridades turcas dizem que haverá um novo arranjo de segurança com Washington no pós-guerra. "Essas questões vão definir um novo relacionamento e uma nova presença americana no exterior", disse o embaixador da Turquia nos EUA, Faruk Logoglu.

Faixa de influência
Independentemente de quão rapidamente os EUA reduzirem a grande presença militar que acumularam na região nos últimos meses, está claro que, desde 11 de setembro de 2001, vem sendo feito um esforço diplomático e militar para ganhar autorização para que forças americanas operem desde os países ex-comunistas do Leste Europeu até os portos paquistaneses no oceano Índico, passando pelo Mediterrâneo, pelo Oriente Médio e pelo chifre da África, atravessando a Ásia Central e as margens da Rússia. É uma larga faixa de influência ocidental, algo que não se vê há gerações.
Os acordos de segurança mais novos são os que virão no Iraque. O coronel John Dobbins, comandante da base aérea avançada de Tallil, disse que o plano da Força Aérea prevê "provavelmente duas bases que permaneçam no Iraque por certo tempo".
No Afeganistão e no Iraque, as forças americanas farão tudo o que puderem para minimizar a dimensão de suas forças em campo, e provavelmente nunca será feito qualquer anúncio quanto ao estacionamento permanente de tropas nesses países.
Para os militares e membros do governo que defendem essa política, não é preciso que os EUA tenham bases permanentes nesses países, apenas o acesso permanente a elas, podendo agir de forma rápida na região.


Tradução de Clara Allain


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