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Washington planeja manter acesso a bases no Iraque
THOM SHANKER
ERIC SCHMITT
DO "THE NEW YORK TIMES"
Os EUA planejam criar um relacionamento militar de longo prazo com o novo governo do Iraque,
algo que garanta ao Pentágono o
acesso a bases no país e projete a
influência dos EUA na região. A
informação foi divulgada por
membros do governo Bush.
Militares americanos falaram
da idéia de manter possivelmente
quatro bases americanas no Iraque: uma no aeroporto internacional de Bagdá, na periferia da cidade; outra em Tallil, perto de
Nassiriah, no sul; a terceira numa
pista de pouso isolada conhecida
como H-1, no deserto ocidental,
perto do velho oleoduto que vai
até a Jordânia; e a última na pista
de Bashur, no norte do país, região dominada pelos curdos.
Os militares já estão usando essas bases para lançar as operações
que ainda continuam contra os
resquícios do governo deposto,
para entregar alimentos e outras
provisões e para lançar patrulhas
de reconhecimento. Mas quando
a força invasora deixar o país, nos
próximos meses, entregando o
controle ao novo governo iraquiano, o Pentágono espera ganhar acesso a essas bases. Isso vai
depender das relações que vão
existir entre Washington e quem
assumir o poder em Bagdá. Se os
laços entre eles forem suficientemente estreitos, o relacionamento
militar pode vir a se tornar um
dos fatos novos mais importantes
na revolução estratégica ocorrendo no Oriente Médio.
Isso poderia ser sentido na Síria
e, somado à presença no Afeganistão, irá cercar o Irã de uma rede de influência americana.
Os EUA têm plena consciência
de que a crescente presença militar americana no Oriente Médio e
no sudoeste da Ásia pode dar lugar a acusações de imperialismo e
criar novos alvos para ações terroristas. Assim, sem fanfarra, o Pentágono começou a reduzir sua
presença militar na região, procurando aliviar as tensões internas
na Turquia e na Jordânia.
Os americanos provavelmente
vão reduzir as forças que mantêm
na Arábia Saudita. Afinal, a principal razão para sua presença no
país era proteger o governo saudita em relação ao Iraque.
Autoridades turcas dizem que
haverá um novo arranjo de segurança com Washington no pós-guerra. "Essas questões vão definir um novo relacionamento e
uma nova presença americana no
exterior", disse o embaixador da
Turquia nos EUA, Faruk Logoglu.
Faixa de influência
Independentemente de quão
rapidamente os EUA reduzirem a
grande presença militar que acumularam na região nos últimos
meses, está claro que, desde 11 de
setembro de 2001, vem sendo feito um esforço diplomático e militar para ganhar autorização para
que forças americanas operem
desde os países ex-comunistas do
Leste Europeu até os portos paquistaneses no oceano Índico,
passando pelo Mediterrâneo, pelo
Oriente Médio e pelo chifre da
África, atravessando a Ásia Central e as margens da Rússia. É uma
larga faixa de influência ocidental,
algo que não se vê há gerações.
Os acordos de segurança mais
novos são os que virão no Iraque.
O coronel John Dobbins, comandante da base aérea avançada de
Tallil, disse que o plano da Força
Aérea prevê "provavelmente duas
bases que permaneçam no Iraque
por certo tempo".
No Afeganistão e no Iraque, as
forças americanas farão tudo o
que puderem para minimizar a
dimensão de suas forças em campo, e provavelmente nunca será
feito qualquer anúncio quanto ao
estacionamento permanente de
tropas nesses países.
Para os militares e membros do
governo que defendem essa política, não é preciso que os EUA tenham bases permanentes nesses
países, apenas o acesso permanente a elas, podendo agir de forma rápida na região.
Tradução de Clara Allain
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