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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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Presidente diz que "há sinais positivos" de cooperação com os EUA e reduz temperatura de ofensiva verbal

Síria está entendendo a mensagem, diz Bush

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que a Síria "está entendendo a mensagem" do governo americano para que não abrigue integrantes do regime de Saddam Hussein.
"Há alguns sinais positivos", afirmou ele. "E quando acreditarmos ou soubermos que há alguém lá, nós passaremos o nome [a eles". Esperamos que o governo sírio entregue a pessoa."
A declaração diminui a temperatura da ofensiva verbal dos EUA sobre a Síria, cujo ápice ocorrera também numa fala de Bush, no último dia 13, quando ele afirmou que a Síria "precisava cooperar" e que poderia telefonar aos líderes locais para "deixar clara" sua mensagem.
"Estou confiante de que o governo sírio nos ouviu e acredito nisso quando eles dizem que querem cooperar conosco", disse o presidente americano ontem, uma semana depois do aviso.
A Síria nega que abrigue membros do regime iraquiano, mas se movimenta para se mostrar aberta a dialogar com Washington.
Dois deputados americanos estiveram ontem em Damasco, falaram com o presidente sírio, Bashar al Assad, e saíram dizendo que ele quer cooperar com os EUA. Em breve, o secretário de Estado americano, Colin Powell, deverá viajar ao país.
Assad também se encontrou com o presidente do Egito, Hosni Mubarak -que tem bom relacionamento com os EUA e pode catalisar a negociação.
A ofensiva americana à Síria tem preocupado governos do Oriente Médio. Na sexta, governos vizinhos do Iraque e representantes do Egito e do Bahrein condenaram as ameaças.
Oficialmente, o governo sírio estaria proibindo a entrada no país de cidadãos iraquianos sem visto. Ontem, um porta-voz do Congresso Nacional Iraquiano, grupo que fazia oposição ao antigo regime do país, anunciou a prisão de um genro de Saddam que teria deixado Damasco para se entregar em Bagdá.
Além do relacionamento com o regime de Saddam, há pelo menos outros dois pontos de atritos entre EUA e Síria: o suposto apoio do país árabe a grupos terroristas palestinos e a discutida posse de armas de destruição em massa pelo governo de Damasco.
Em uma entrevista publicada no jornal "Al Khaleej", o subsecretário de Estado dos EUA, Richard Armitage, disse que seu país pode "ser obrigado a impor sanções" à Síria caso o país não corte seus laços terroristas.

Iraque
Bush disse ontem não estar incomodado com as demonstrações antiamericanas nas ruas do Iraque. "A liberdade é bela. Eles não podiam expressar suas opiniões antes da nossa chegada. Agora eles podem", afirmou ele.
O presidente dos EUA voltou a repetir que a guerra só estará oficialmente terminada quando o comandante das forças americanas na região, Tommy Franks, assim a considerar.
Bush também falou novamente ontem sobre a situação da Coréia do Norte. Os EUA tentam retomar negociações para que o país abandone suas pretensões nucleares, e as conversas podem ocorrer nesta semana, em território chinês. "O ponto chave é que a China está assumindo uma responsabilidade muito importante", afirmou Bush. Segundo ele, a participação de Pequim torna um acordo "mais provável".
Bush passou o feriado da Semana Santa em seu rancho no Texas, cuidando de assuntos particulares e pescando. Ontem, esteve em Fort Hood, a maior base militar dos EUA, onde participou de cerimônia da Páscoa ao lado de ex-prisioneiros de guerra americanos no Iraque.
Nesta semana, deve retomar uma agenda pautada por assuntos domésticos. Membros do governo irão viajar pelo país para falar sobre o programa de corte de impostos que a Casa Branca quer implementar, e o próprio Bush poderá ajudar na tarefa.



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