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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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ELEIÇÕES NA ARGENTINA

No próximo domingo, país realiza primeiro turno das eleições presidenciais; há 19 candidatos

"Voto bronca" domina até 40% dos eleitores

Enrique Marcarian - 15.abr.03/Reuters
A candidata à Presidência argentina pelo ARI (Argentina para uma República de Iguais), Elisa Carrió, 47, ri durante cerimônia indígena realizada em Buenos Aires


MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

Os eleitores argentinos irão às urnas no próximo domingo para eleger seu novo presidente. As previsões são de que até 40% dos 25,4 milhões de eleitores não optarão por nenhum candidato. Protestarão, anularão o voto ou não irão votar. Como no Brasil, o voto na Argentina é obrigatório.
O primeiro turno das eleições ocorrerá no próximo domingo. Os eleitores podem escolher entre 19 candidatos. As pesquisas mostram que apenas cinco têm chances. Hoje, há praticamente um empate técnico entre eles, e nenhum conseguiria, no primeiro turno, os 45% dos votos válidos necessários para ganhar -venceria também o candidato que estivesse em primeiro lugar com mais de 40%, desde que o segundo obtenha um votação dez pontos percentuais menor.
Todos os analistas concordam que essa eleição será a mais atípica da Argentina. Não só pelo número de candidatos e o empate técnico, mas pela apatia: metade dos argentinos diz crer que as eleições mudarão "pouco ou nada" no país, segundo pesquisa da consultora Graciela Römer. Em outra, do consultor Enrique Zuleta, para 70%, os candidatos não "expressam as qualidades e possibilidades da sociedade argentina".
A apatia deve se transformar no que chamam de "voto bronca": alto número de abstenções e de votos nulos e brancos. No país, cada candidato tem uma cédula, o eleitor a escolhe, a coloca num envelope e a deposita na urna.
Para domingo, assembléias de bairros e grupos de desempregados imprimiram cédulas com a sigla Q.S.V.T. ("Que se vayan todos"), nascida nas manifestações de dezembro de 2001, quando os argentinos exigiram que dirigentes do país saíssem de seus postos.
O analista político Rosendo Fraga estima que apenas 65% dos eleitores escolherão de fato um candidato. No segundo turno, dependendo dos candidatos, a proporção pode cair para 60%. "O vencedor no segundo turno pode ser votado por só um terço dos eleitores, o que não afeta a legalidade, mas a legitimidade do novo governo. É um problema", diz.

Candidatos
Dos cinco candidatos com chances de chegar ao segundo turno, três são peronistas, ou seja, membros do PJ (Partido Justicialista). O partido deveria ter feito eleições internas para escolher um candidato, mas disputa entre o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) e o presidente Eduardo Duhalde impediu as eleições -Menem controlava a direção do partido e Duhalde, inimigo político de Menem, queria evitar que ele fosse o candidato do PJ.
Concorrem pelo PJ Menem, Néstor Kirchner, governador de Santa Cruz e candidato apoiado por Duhalde, e Adolfo Rodríguez Saá, o ex-presidente que governou o país por sete dias em 2001.
Elisa Carrió e Ricardo López Murphy são ex-membros da União Cívica Radical que fundaram partidos próprios. Também podem chegar ao segundo turno.



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