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AMÉRICA DO SUL
Juiz pede captura internacional do ex-presidente; do Chile, ele nega acusação de envolvimento com corrupção
Justiça argentina ordena prisão de Menem
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O juiz federal argentino Jorge
Urso ordenou ontem a captura
internacional do ex-presidente
Carlos Menem (1989-99) e determinou que a Chancelaria argentina inicie o processo de sua extradição do Chile, onde mora.
A ordem foi dada depois que
Menem faltou, pela quarta vez, a
uma audiência na Justiça argentina. O ex-presidente seria interrogado em causa que investiga o superfaturamento na construção
das penitenciárias de Ezeiza e de
Marcos Paz, na Província de Buenos Aires, na qual Menem está
imputado por suposta fraude fiscal.
O valor do superfaturamento
está estimado em 60 milhões de
pesos (mesmo valor em dólares
na época). São previstas para esse
crime a pena mínima de seis meses e a máxima de seis anos. A ordem do juiz é que a Interpol (polícia internacional) detenha Menem em sua casa no bairro Las
Condes, em Santiago do Chile, até
que saia a ordem de extradição.
A Argentina tem dois acordos
de extradição firmados com o
Chile, de 1891 e 1933. No entanto,
de acordo com o diário "Clarín",
o Chile somente aceita pedidos
em casos de penas superiores a
três anos.
Ontem pela manhã, antes do
horário previsto para a audiência,
o advogado de defesa de Menem,
Luis Paglietti, apresentou um documento pedindo o afastamento
de Urso, acusando-o de "parcialidade", "inimizade manifesta" e
"falta de capacidade" para conduzir o processo. Porém o documento, que pedia ainda o adiamento da audiência, foi rejeitado.
Investigações
No ano passado, Menem se retirou do segundo turno das eleições
quando as pesquisas indicavam
sua derrota pelo atual presidente,
Néstor Kirchner. O ex-presidente
vive no Chile com sua mulher, a
chilena Cecilia Bolocco, e com seu
filho de cinco meses, Máximo
Saúl, e vinha tentando obter um
visto de residência no país.
Com um governo marcado por
escândalos de corrupção, Menem
enfrenta uma série de processos
judiciais dentro e fora da Argentina. A principal acusação que pesa
contra ele é a de ter omitido a suposta existência de contas bancárias na Suíça, em que estariam depositados US$ 600 milhões.
Naquele país, o ex-presidente é
investigado pela existência de
contas bancárias com recursos
procedentes de operações ilegais,
como lavagem de dinheiro e corrupção.
Em 2001, o mesmo juiz Jorge
Urso determinou a prisão domiciliar do ex-presidente, acusado
de liderar uma rede ilegal de contrabando de armas para o Equador e para a Croácia entre 1991 e
1995. Depois de seis meses, foi liberado pela Suprema Corte, que
alegou falta de provas.
No último domingo, Menem
disse que não pretende voltar à
Argentina porque teme passar o
restante de sua vida "na cadeia".
"Não quero correr o risco de receber uma sentença tendenciosa de
um juiz. Já fui preso três vezes",
disse Menem. Este chegou a cumprir prisão domiciliar por cinco
meses em 2001.
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