São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Após acordo entre coalizão e autoridades locais, polícia iraquiana volta a Fallujah; cerco a Najaf termina

Ataque contra prisão mata 22 em Bagdá

DA REDAÇÃO

Pelo menos 22 iraquianos detidos na prisão de Abu Ghraib, a maior de Bagdá, morreram e 92 foram feridos ontem em um ataque com morteiros que os EUA buscam esclarecer. Os mortos eram supostos integrantes do regime deposto e da insurgência contra as forças de ocupação.
"Não é a primeira vez que vemos esse tipo de ataque. Não sabemos se eles estavam tentando provocar um levante ou ajudar na fuga dos presos", disse o general Mark Kimmitt, vice-chefe de operações americanas no Iraque.
Durante uma patrulha em Bagdá, marines americanos acharam o local de onde foram disparados os morteiros. Os responsáveis pelo ataque -o pior contra o complexo na região oeste da capital durante quase um ano de pós-guerra- já haviam fugido.

Soberania limitada
A violência tem se mostrado um empecilho para a transição política no Iraque. O vice-secretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, disse que 30 de junho -quando a Autoridade Provisória da Coalizão será extinta e um governo interino iraquiano será criado- não é "uma data mágica", mas "apenas um passo no processo".
Durante seu depoimento a uma comissão do Senado, Wolfowitz afirmou que a soberania que o país reconquistará em junho será "limitada" por uma resolução da ONU e que o Exército americano continuará operando livremente no país. "Se instalarmos um governo soberano, isso significa que a princípio ele teria o poder soberano de dizer o que as tropas poderiam fazer no país", disse Wolfowitz, acrescentando que pedirá uma análise jurídica da questão. Em todo caso, devemos estar dispostos a negociar."
O processo transitório deve ser coordenado pela ONU. Mas em Roma, o representante da entidade no Iraque, Lakhdar Brahimi, disse que as Nações Unidas querem garantias de segurança e a definição clara de seu papel para enviar uma nova missão de envergadura ao país -a ONU esteve ausente do Iraque por três meses após sofrer dois atentados.

Fallujah e Najaf
Apesar ataque à prisão bagdali, as tensões se acalmaram nas duas principais frentes de conflito, Fallujah (oeste) e Najaf (sul). O comandante militar dos EUA no Iraque, general Ricardo Sanchez, disse que suas forças mataram pelo menos mil insurgentes em confrontos em abril -a maioria dos quais ocorrida nas duas cidades.
Após a celebração de um acordo, anteontem, entre as forças de ocupação e as autoridades de Fallujah, cerca de 200 policiais iraquianos voltaram para a cidade sunita que passou as duas últimas semanas cercada pelos EUA e onde 600 iraquianos foram mortos -ontem, mais oito suspeitos morreram em ataque americano.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, general Richard Myers, referiu-se a Fallujah como "um ninho de ratos que deve ser limpo" e defendeu as ações na cidade.
Mediante o acordo, que permite o retorno de quase 100 mil civis (dos 300 mil moradores) que deixaram Fallujah no período, os EUA suspenderão suas ações e os insurgentes deporão suas armas.
O comando americano também ordenou a retirada dos cerca de 2.500 marines que cercam Najaf, a cidade sagrada xiita onde está o clérigo radical Moqtada al Sadr, líder de um levante contra os EUA.
"O problema com Al Sadr envolve toda a comunidade xiita e o fato de a cidade [Najaf] ser sagrada", disse o general Sanchez, justificando a retirada. Os EUA haviam prometido matá-lo ou capturá-lo na semana passada. "Se o encontramos em combate, vamos matá-lo", disse Sanchez ontem.
Depois de a Espanha anunciar a saída de seus 1.300 soldados do Iraque, anteontem foi a vez de Honduras dizer que seu contingente de 370 militares deixará o país em dois meses. A Tailândia também ameaçou retirar sua equipe de 451 médicos e engenheiros. Apesar dos anúncios, a Casa Branca disse que a coalizão que lidera "segue estável e forte".


Com agências internacionais

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