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Política guiou sacerdócio de ex-bispo
DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
Foi no Equador que começou a vida política do
presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo. Em
1977, o recém-ordenado
sacerdote mudou-se para
lá para trabalhar como
missionário. Começou a
ter contato com a Teologia
da Libertação, corrente
que defende um papel
combativo da igreja contra
as desigualdades sociais.
Ali Lugo conheceu um
ícone da Teologia da Libertação na América Latina, o equatoriano Leonidas Proaño (1910-88), que
viraria uma referência para o hoje presidente eleito
do Paraguai -é igualmente admirado pelo equatoriano Rafael Correa.
Nascido há 56 anos (fará
57 em 30 de maio) em San
Pedro del Paraná, departamento (Estado) de Itapuá,
400 km ao sul de Assunção, Fernando Armindo
Lugo Mendez foi criado
em Encarnación, a 40 km
dali. Em 1971, entrou no
Noviciado dos Missionários do Verbo Divino, onde, em 1976, fez os votos
perpétuos, a consagração
definitiva a Deus. No ano
seguinte, licenciou-se em
ciências religiosas pela
Universidade Católica de
Assunção e foi ordenado.
De volta ao Paraguai, em
1982, foi professor no seminário onde se formara.
Em 1983, viajou a Roma,
onde se licenciou em Sociologia, com especialização em Doutrina Social da
Igreja, na Universidade
Gregoriana. Retornou novamente a seu país em
1987. Foi professor de
Teologia e ocupou postos
na Conferencia Episcopal
Paraguaia e no Celam
(Conselho Episcopal Latino-Americano).
Em 1994, foi ordenado
bispo da diocese de San
Pedro, o maior e um dos
mais pobres departamentos do Paraguai. Ali,onde
atuou por 11 anos, ganhou
projeção nacional pelo engajamento em movimentos camponeses e sociais.
Por atritos com a igreja e
pela percepção de que necessitava de espaços políticos mais efetivos para
mostrar suas idéias, renunciou à diocese no início de 2005. No fim de
2006, quando já liderava
movimentos contra o presidente Nicanor Duarte,
renunciou ao sacerdócio.
Como Lugo não é casado, quem deverá ocupar o
cargo de primeira-dama é
sua irmã, Mercedes.
Numa entrevista recente, ele foi evasivo ao ser
questionado se fora fiel ao
celibato. "Não existe celibato perfeito", afirmou.
Lugo nunca usou gravata. Costuma calçar sandálias, reflexo de problemas
circulatórios -tem varizes
e, em 2004, sofreu cinco
tromboses-, e vestir camisas típicas paraguaias.
"Minha candidatura representa a maioria do país,
e meu visual é definido por
isso. Creio que manterei o
estilo, mas aprendi na
igreja que não se deve julgar pela aparência."
(FV)
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