São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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Política guiou sacerdócio de ex-bispo

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Foi no Equador que começou a vida política do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo. Em 1977, o recém-ordenado sacerdote mudou-se para lá para trabalhar como missionário. Começou a ter contato com a Teologia da Libertação, corrente que defende um papel combativo da igreja contra as desigualdades sociais.
Ali Lugo conheceu um ícone da Teologia da Libertação na América Latina, o equatoriano Leonidas Proaño (1910-88), que viraria uma referência para o hoje presidente eleito do Paraguai -é igualmente admirado pelo equatoriano Rafael Correa.
Nascido há 56 anos (fará 57 em 30 de maio) em San Pedro del Paraná, departamento (Estado) de Itapuá, 400 km ao sul de Assunção, Fernando Armindo Lugo Mendez foi criado em Encarnación, a 40 km dali. Em 1971, entrou no Noviciado dos Missionários do Verbo Divino, onde, em 1976, fez os votos perpétuos, a consagração definitiva a Deus. No ano seguinte, licenciou-se em ciências religiosas pela Universidade Católica de Assunção e foi ordenado.
De volta ao Paraguai, em 1982, foi professor no seminário onde se formara. Em 1983, viajou a Roma, onde se licenciou em Sociologia, com especialização em Doutrina Social da Igreja, na Universidade Gregoriana. Retornou novamente a seu país em 1987. Foi professor de Teologia e ocupou postos na Conferencia Episcopal Paraguaia e no Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano).
Em 1994, foi ordenado bispo da diocese de San Pedro, o maior e um dos mais pobres departamentos do Paraguai. Ali,onde atuou por 11 anos, ganhou projeção nacional pelo engajamento em movimentos camponeses e sociais.
Por atritos com a igreja e pela percepção de que necessitava de espaços políticos mais efetivos para mostrar suas idéias, renunciou à diocese no início de 2005. No fim de 2006, quando já liderava movimentos contra o presidente Nicanor Duarte, renunciou ao sacerdócio.
Como Lugo não é casado, quem deverá ocupar o cargo de primeira-dama é sua irmã, Mercedes.
Numa entrevista recente, ele foi evasivo ao ser questionado se fora fiel ao celibato. "Não existe celibato perfeito", afirmou.
Lugo nunca usou gravata. Costuma calçar sandálias, reflexo de problemas circulatórios -tem varizes e, em 2004, sofreu cinco tromboses-, e vestir camisas típicas paraguaias. "Minha candidatura representa a maioria do país, e meu visual é definido por isso. Creio que manterei o estilo, mas aprendi na igreja que não se deve julgar pela aparência." (FV)

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