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Em Assunção, Frei Betto diz que Brasil considera alterar o Tratado de Itaipu
DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
O frade dominicano Carlos
Alberto Libânio Christo, o Frei
Betto, disse ontem que fontes
no governo brasileiro lhe asseguraram que o país poderá renegociar o Tratado de Itaipu
com o Paraguai. Frei Betto, que
acompanhou Fernando Lugo à
seção eleitoral, foi assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem continua amigo.
A revisão do preço da energia
de Itaipu, usina na qual os países são sócios, foi uma das bandeiras de campanha de Lugo.
Ele quer que o tratado, assinado em 1973, seja revisto para
que o país receba mais pela
energia excedente que vende
ao Brasil -pelo acordo, o que
um sócio não usar tem obrigatoriamente de vender ao outro.
Oficialmente, o Brasil diz que
não renegociará o tratado, mas
assessores de Lula dizem que
há espaço para ouvir demandas
pontuais dos paraguaios.
"O Brasil pagava muito pouco pelo gás da Bolívia, que reclamou, e o Lula bancou [após o
país ocupar instalações da Petrobras, os preços foram reajustados]. Vai acontecer o mesmo com o Paraguai na questão
da água, da energia. E não é só
uma questão de fé. Não vou dizer com quem, mas antes de vir
conversei [com integrantes do
governo] sobre a relação Brasil-Paraguai. Sinto que o Lula tem
grande simpatia pelo Lugo e
que estaria aberto a rever o tratado", afirmou Frei Betto.
Questionado se foi com Lula
que conversou, ele apenas riu.
Brasil explorador
Na sua edição dominical, o
diário ABC Color, o principal
do Paraguai, voltou a criticar
duramente o Brasil em relação
ao Tratado de Itaipu. Sob a
manchete "O Brasil explora o
Paraguai em Itaipu", o jornal
dedicou nove páginas ao tema,
detalhando por que defende a
renegociação do tratado.
"O Paraguai é um dos poucos
países com excedente energéticos do mundo, graças ao enorme potencial hidrelétrico de
seus grandes rios. Apesar disso,
em virtude de tratados firmados por ditaduras militares e
mantidos por governantes corruptos, não pôde dispor do fruto de seus recursos naturais,
como faria legitimamente qualquer nação do planeta. Em Itaipu nosso povo é obrigado a "ceder" ao Brasil a maior riqueza
com que conta o país para sair
da pobreza, a um preço ínfimo
(...). Reverter esta humilhante e
insólita injustiça deve ser a máxima prioridade do governo
que surja das urnas nas eleições
de hoje", diz texto de capa.
(FV)
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