São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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Em Assunção, Frei Betto diz que Brasil considera alterar o Tratado de Itaipu

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

O frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, disse ontem que fontes no governo brasileiro lhe asseguraram que o país poderá renegociar o Tratado de Itaipu com o Paraguai. Frei Betto, que acompanhou Fernando Lugo à seção eleitoral, foi assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem continua amigo.
A revisão do preço da energia de Itaipu, usina na qual os países são sócios, foi uma das bandeiras de campanha de Lugo. Ele quer que o tratado, assinado em 1973, seja revisto para que o país receba mais pela energia excedente que vende ao Brasil -pelo acordo, o que um sócio não usar tem obrigatoriamente de vender ao outro.
Oficialmente, o Brasil diz que não renegociará o tratado, mas assessores de Lula dizem que há espaço para ouvir demandas pontuais dos paraguaios.
"O Brasil pagava muito pouco pelo gás da Bolívia, que reclamou, e o Lula bancou [após o país ocupar instalações da Petrobras, os preços foram reajustados]. Vai acontecer o mesmo com o Paraguai na questão da água, da energia. E não é só uma questão de fé. Não vou dizer com quem, mas antes de vir conversei [com integrantes do governo] sobre a relação Brasil-Paraguai. Sinto que o Lula tem grande simpatia pelo Lugo e que estaria aberto a rever o tratado", afirmou Frei Betto.
Questionado se foi com Lula que conversou, ele apenas riu.

Brasil explorador
Na sua edição dominical, o diário ABC Color, o principal do Paraguai, voltou a criticar duramente o Brasil em relação ao Tratado de Itaipu. Sob a manchete "O Brasil explora o Paraguai em Itaipu", o jornal dedicou nove páginas ao tema, detalhando por que defende a renegociação do tratado.
"O Paraguai é um dos poucos países com excedente energéticos do mundo, graças ao enorme potencial hidrelétrico de seus grandes rios. Apesar disso, em virtude de tratados firmados por ditaduras militares e mantidos por governantes corruptos, não pôde dispor do fruto de seus recursos naturais, como faria legitimamente qualquer nação do planeta. Em Itaipu nosso povo é obrigado a "ceder" ao Brasil a maior riqueza com que conta o país para sair da pobreza, a um preço ínfimo (...). Reverter esta humilhante e insólita injustiça deve ser a máxima prioridade do governo que surja das urnas nas eleições de hoje", diz texto de capa. (FV)


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