São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/ TESTE DE FOGO

Mulheres inflam eleitorado democrata na Pensilvânia

Mas Obama encosta em Hillary nas últimas pesquisas para primária de amanhã

Dos 327 mil novos eleitores que o partido ganhou nas últimas semanas no Estado, 60% são do sexo feminino; prévia pode enterrar Hillary

Charles Dharapak/Associated Press
Hillary em comício em McKeesport; vantagem da senadora sobre o rival se esvaiu no último mês

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LANSDOWNE

Chelsea Clinton chega alguns minutos após o combinado. A filha de 28 anos de Hillary e Bill se apresenta brevemente -"Vocês me conhecem a minha vida inteira"- e começa a sessão de perguntas e respostas no ginásio da Associação Cristã de Moços de Lansdowne, subúrbio de operários e asiáticos na Filadélfia. Uma mulher pergunta quem ela acha que será melhor presidente, seu pai ou sua mãe. "Minha mãe. Ela está mais bem preparada. É uma lutadora".
Quando as atenções da corrida democrata pela candidatura à Presidência dos EUA se voltaram para a Pensilvânia, Estado que realiza prévias amanhã e que pode decidir o destino dos dois pré-candidatos da oposição, Hillary Clinton se comparou a Rocky. Afinal, a história do boxeador fictício interpretado por Sylvester Stallone no cinema se passa aqui -e ele é o azarão que dá a volta por cima.
Pois as notícias que chegam ao ringue nas últimas horas podem dar um alento extra à concorrente do senador Barack Obama. Até agora, 327 mil novos democratas se registraram para votar na Pensilvânia, segundo o Departamento de Estado local, enquanto os republicanos perderam 73 mil.
Desse eleitorado, 60% é de mulheres, segundo G. Terry Madonna, diretor do Centro de Política e Assuntos Públicos no Franklin & Marshall College, em Lancaster. E 54% desse universo feminino declarou que votará em Hillary, ante 40% que pretende votar em Obama.

Emissária
É para essas mulheres, jovens e nem tão jovens, que Chelsea Clinton fala na tarde desse domingo. A filha única do casal é a enviada da mãe para o universo de menores de 30 anos. Em outra parte do Estado, Bill fala aos mais velhos. E a própria Hillary faz campanha sem parar nas horas que antecedem a ida às urnas.
A missão da ex-primeira-dama é vencer nesse Estado por uma margem confortável, para provar que sua candidatura continua viável. Afinal, aqui são maioria os grupos que tendem a privilegiar a ex-primeira-dama nas urnas -mulheres mais velhas, operários brancos e trabalhadores sindicalizados. Segundo o mesmo Terry Madonna, se vencer por menos de dez pontos, pode ser obrigada pelo partido a desistir.
Até agora, Obama está à frente em número de Estados em que venceu as prévias (27 a 14), votos populares (13,3 milhões a 12,6 milhões) e delegados (1.414 a 1.243) -o voto de 2.025 deles garante a candidatura.
Também nas pesquisas a situação da senadora é complicada. A liderança confortável que apresentava no Estado há seis semanas, quando houve as últimas prévias dessa corrida, foi caindo até entrar no campo da margem de erro. Segundo os dois levantamentos mais recentes, da Mason-Dixon e da Zogby, Hillary bate Obama respectivamente por 5 e 3 pontos.
O clima de "última chance" contamina sua campanha na Pensilvânia. Em Lansdowne, Chelsea diz que já falou em mais de 150 campus -"mas é a primeira vez que vou a uma ACM". Nas TVs, as emissoras estão inundadas com anúncios negativos da senadora. Hillary sabe que é cada vez menor a possibilidade de revanche.


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