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AMÉRICA LATINA
Exército, Marinha e Aeronáutica patrulham divisa na Amazônia na semana que antecede eleição colombiana
Brasil mobiliza militares perto da Colômbia
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
De olho no transbordamento do
conflito da Colômbia, as Forças
Armadas do Brasil realizam nesta
semana a maior operação militar
conjunta de Exército, Marinha e
Aeronáutica na região da fronteira com o país vizinho.
A área coberta, de floresta amazônica, é de 252 mil km2, pouco
superior ao tamanho do Estado
de São Paulo. A tropa de 4.000 soldados está dividida em bases terrestres e navais entre os municípios de Tefé, Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, no oeste do
Amazonas. Com aviões, helicópteros e lanchas, os soldados patrulharão ostensivamente a região
até sábado -um dia antes da eleição presidencial na Colômbia.
Os militares negam relação entre a ação e o pleito, mas a Agência
Folha apurou que a preocupação
existe, em especial pelo acirramento das ações do governo de
Andrés Pastrana contra guerrilheiros das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia).
Desde fevereiro o conflito se intensificou com a quebra dos acordos entre governo e guerrilha. O
governo passou a atacar as Farc
-o grupo deixou a zona desmilitarizada que ocupava e foi ao revide, reacendendo a guerra no país.
Além disso, narcotraficantes
vêm aumentando sua ação na
fronteira. Um dos objetivos da
ação, chamada Operação Tapuru,
é justamente localizar e destruir
pistas clandestinas de traficantes.
A operação começou a ser planejada em dezembro. Seus objetivos são testar procedimentos de
comando, apoio logístico e de comunicações empregados pelas
três Forças em caso de emergência de segurança nacional.
O coordenador do Comando
Combinado Amazônia, general
Hedel Fayad, nega influência da
situação da Colômbia na realização da manobra. "Não há relação
nem com as eleições nem tampouco com problemas do governo colombiano com as Farc."
Os soldados da Operação Tapuru estão habilitados a enfrentar
invasores no território brasileiro.
Pelo menos foi a mensagem que o
Ministério da Defesa passou à população do Amazonas em comunicado, em forma de quadrinhos,
anteontem nos jornais locais.
Durante a operação, a Polícia
Federal será acionada para intervir, caso soldados prendam traficantes. A Receita Federal e o Ibama também apóiam a manobra.
Os últimos incidentes na fronteira do Brasil com a Colômbia
apontam que os guerrilheiros da
Farc fazem incursões no país. Em
março, um grupo de 197 índios
buscou refúgio numa base em Vila Bittencourt após ser ameaçado
por guerrilheiros.
Em fevereiro, soldados brasileiros trocaram tiros com cinco ocupantes de uma embarcação suspeita no rio Apoporis. O barco
afundou, e nenhum dos seus ocupantes foi localizado.
O conflito da Colômbia já causou mal-entendido diplomático
entre os países, em 98, quando
militares do país vizinho usaram
uma pista de pouso de Querari, na
região da Cabeça do Cachorro
(AM), sem permissão brasileira.
O incidente mais grave aconteceu em 1991. Forças das Farc atacaram um destacamento do Exército brasileiro no rio Traíra, matando três soldados e deixando nove feridos. Sete colombianos morreram.
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