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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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Soros pretende fiscalizar uso do petróleo do país

DE NOVA YORK

O investidor George Soros anunciou ontem que montará uma organização para fiscalizar o uso que o governo americano fará do petróleo iraquiano. Para ele, as propostas apresentadas pelos EUA para colocar fim às sanções contra o país dão excessivos poderes à administração americana no Iraque.
"Há uma crença generalizada de que a guerra foi feita por causa de petróleo e que ela ocorreu para beneficiar as Halliburtons e as Bechtels do mundo", disse Soros, em referência a duas empresas contratadas para participar da reconstrução do país.
Ele disse que nem mesmo a proposta revista do governo americano é suficiente. "A revisão abre caminho para a ONU ter papel construtivo, mas o bom trabalho do representante especial da ONU ainda dependeria das forças ocupadoras", afirmou Soros, crítico contumaz da administração de George W. Bush.
O investidor esteve ontem na sede das Nações Unidas, em Nova York. Seu objetivo era pressionar os outros 14 membros do Conselho de Segurança a exigir alterações no texto apresentado pelo governo americano.
Mesmo com as mudanças introduzidas no papel da ONU, a nova proposta dos EUA não muda o controle do petróleo iraquiano -o texto fala em direcionar o dinheiro de suas exportações para um fundo administrado por americanos e britânicos.
Mesmo com um conselho integrado pela ONU, pelo FMI e pelo Banco Mundial para supervisionar o fundo, o destino do faturamento obtido com o petróleo iraquiano estaria basicamente nas mãos das forças ocupadoras.
Ontem, além de reclamar do petróleo, Soros disse esperar que a dívida externa que o Iraque contraiu durante o regime de Saddam Hussein não seja paga. "Acho que isso mandaria um sinal muito saudável para os mercados financeiros de que abrir crédito para ditaduras não é algo sem riscos", afirmou ele. (RD)


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