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AMÉRICA LATINA
Presidente se reúne com dissidentes e, em mensagem transmitida à ilha, diz esperar que Cuba tenha liberdade "logo"
Em fala a cubanos, Bush ataca "ditadura"
DE WASHINGTON
O governo norte-americano
transmitiu ontem em Cuba uma
mensagem radiofônica gravada
pelo presidente George W. Bush,
em espanhol, afirmando que
"não há mais espaço para ditaduras nas Américas".
Minha esperança para o povo
cubano é que, logo, possa gozar
das mesmas liberdades e dos mesmos direitos que temos todos nós.
(...) Deus abençoe os cubanos,
que lutam por sua liberdade", disse Bush.
A transmissão ocorreu no dia
da comemoração do 101º aniversário da independência cubana,
em 1902, quando a República Cubana foi fundada na sequência da
guerra hispano-americana.
O regime de Fidel Castro não reconhece a data e sustenta que Cuba só adquiriu "determinação própria" a partir da revolução de
1959, liderada pelo ditador.
O pronunciamento do presidente dos EUA ocorreu em um
novo momento de contencioso
diplomático entre Fidel e os Estados Unidos e às vésperas de Bush
iniciar sua campanha eleitoral.
Além dos cubanos, principalmente concentrados na Flórida
-onde governa Jeb Bush, irmão
do presidente-, Bush vem há
meses desenvolvendo ações para
conquistar os cerca de 5,7 milhões
de hispânicos que vivem nos Estados Unidos.
Bush recebe cubanos
No final do dia de ontem, o presidente recebeu na Casa Branca
membros da liderança cubana e
ex-prisioneiros do regime de Fidel exilados nos EUA.
O mais poderoso e anticomunista grupo cubano nos EUA, a
Fundação Nacional Cubano-Americana, vem incitando o governo Bush a adotar novas medidas contra Havana.
Entre as propostas, consta até a
de impedir que cubanos residindo nos EUA possam enviar dinheiro para seus parentes ou amigos em Cuba.
Outra medida cobrada é a fiscalização mais rigorosa na proibição de viagens turísticas de americanos a Cuba.
Até o fim deste mês, o Departamento do Tesouro deverá tentar
fechar algumas brechas, como
"trocas artísticas e culturais", que
têm levado um número cada vez
maior de americanos a visitar a
ilha.
Na semana passada, o governo
norte-americano expulsou dos
EUA 14 diplomatas cubanos acusados de realizar "atividades inaceitáveis". Na prática, a acusação
era de espionagem.
Entre os dissidentes recebidos
ontem por Bush estavam também
parentes de cerca de 75 cubanos
presos em março na ilha, acusados de conspirarem contra o regime de Fidel.
A maioria foi sentenciada a penas entre seis e 28 anos de prisão
após julgamentos sumários. A
principal acusação foi a de que estariam trabalhando para os "mercenários americanos".
Ontem, segundo reportagem
"The New York Times", foi revelado que o regime de Fidel vem
propagando em Cuba que os Estados Unidos estariam prestes a
adotar medidas extremas contra
o país, a exemplo do que fizeram
no Iraque.
Segundo Oswaldo Payá, um dos
líderes da oposição em Havana, a
propaganda de Fidel vem afirmando inclusive que uma invasão
de tropas americanas à ilha não
está descartada.
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