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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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AMÉRICA LATINA

Presidente se reúne com dissidentes e, em mensagem transmitida à ilha, diz esperar que Cuba tenha liberdade "logo"

Em fala a cubanos, Bush ataca "ditadura"

DE WASHINGTON

O governo norte-americano transmitiu ontem em Cuba uma mensagem radiofônica gravada pelo presidente George W. Bush, em espanhol, afirmando que "não há mais espaço para ditaduras nas Américas".
Minha esperança para o povo cubano é que, logo, possa gozar das mesmas liberdades e dos mesmos direitos que temos todos nós. (...) Deus abençoe os cubanos, que lutam por sua liberdade", disse Bush.
A transmissão ocorreu no dia da comemoração do 101º aniversário da independência cubana, em 1902, quando a República Cubana foi fundada na sequência da guerra hispano-americana.
O regime de Fidel Castro não reconhece a data e sustenta que Cuba só adquiriu "determinação própria" a partir da revolução de 1959, liderada pelo ditador.
O pronunciamento do presidente dos EUA ocorreu em um novo momento de contencioso diplomático entre Fidel e os Estados Unidos e às vésperas de Bush iniciar sua campanha eleitoral.
Além dos cubanos, principalmente concentrados na Flórida -onde governa Jeb Bush, irmão do presidente-, Bush vem há meses desenvolvendo ações para conquistar os cerca de 5,7 milhões de hispânicos que vivem nos Estados Unidos.

Bush recebe cubanos
No final do dia de ontem, o presidente recebeu na Casa Branca membros da liderança cubana e ex-prisioneiros do regime de Fidel exilados nos EUA.
O mais poderoso e anticomunista grupo cubano nos EUA, a Fundação Nacional Cubano-Americana, vem incitando o governo Bush a adotar novas medidas contra Havana.
Entre as propostas, consta até a de impedir que cubanos residindo nos EUA possam enviar dinheiro para seus parentes ou amigos em Cuba.
Outra medida cobrada é a fiscalização mais rigorosa na proibição de viagens turísticas de americanos a Cuba.
Até o fim deste mês, o Departamento do Tesouro deverá tentar fechar algumas brechas, como "trocas artísticas e culturais", que têm levado um número cada vez maior de americanos a visitar a ilha.
Na semana passada, o governo norte-americano expulsou dos EUA 14 diplomatas cubanos acusados de realizar "atividades inaceitáveis". Na prática, a acusação era de espionagem.
Entre os dissidentes recebidos ontem por Bush estavam também parentes de cerca de 75 cubanos presos em março na ilha, acusados de conspirarem contra o regime de Fidel.
A maioria foi sentenciada a penas entre seis e 28 anos de prisão após julgamentos sumários. A principal acusação foi a de que estariam trabalhando para os "mercenários americanos".
Ontem, segundo reportagem "The New York Times", foi revelado que o regime de Fidel vem propagando em Cuba que os Estados Unidos estariam prestes a adotar medidas extremas contra o país, a exemplo do que fizeram no Iraque.
Segundo Oswaldo Payá, um dos líderes da oposição em Havana, a propaganda de Fidel vem afirmando inclusive que uma invasão de tropas americanas à ilha não está descartada.


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