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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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ENTENDA O CASO

Cuba e os EUA vivem escalada das tensões

DA REDAÇÃO

A mais recente escalada nas tensões diplomáticas entre os EUA e Cuba teve início em 7 de março quando o ditador cubano, Fidel Castro, acusou o chefe do Escritório de Interesses dos EUA em Havana, James Cason, de apoiar dissidentes cubanos e ameaçou fechar a representação americana no país.
Cason convidou dissidentes para reuniões em sua casa e criticou publicamente o regime. Segundo o diplomata, "o governo cubano tem medo da liberdade de consciência, medo da liberdade de expressão, medo dos direitos humanos".
Cuba acusou a representação dos EUA de dar ajuda material à oposição. Os dois países não têm relações diplomáticas.
Em discurso na Assembléia Nacional, Fidel, no poder desde 1959, definiu a atitude do cônsul como "uma provocação desavergonhada e desafiadora".
Para o Departamento de Estado dos EUA, o trabalho de Cason em Havana seria "consistente com os valores e as prioridades americanas".
Em 19 de março, Cuba prendeu dezenas de dissidentes, acusados de participar de uma "conspiração" envolvendo Cason; 75 foram sentenciados sumariamente a até 28 anos de cadeia. "É a mais intensa onda de repressão dos últimos anos", disse Elizardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos.
Em 11 de abril, três homens condenados em Cuba pelo sequestro de uma lancha de passageiros foram fuzilados. Haviam sido condenados apenas três dias antes.
O sequestro da lancha, com a qual seus autores pretendiam fugir para os EUA, ocorrera em 2 de abril. Antes, dois aviões haviam sido sequestrados.
As execuções e as prisões foram condenadas internacionalmente. O governo brasileiro não se manifestou.
Em 11 de maio, em entrevista ao jornal argentino "Página 12", Fidel Castro justificou a repressão como uma "questão de vida ou morte", necessária para frear um confronto militar com os EUA.
Segundo ele, "a máfia terrorista de Miami [exilados cubanos na Flórida], aliada à extrema direita americana", estaria alimentando a eclosão de uma crise migratória, que seria utilizada como pretexto para um bloqueio naval da ilha de Cuba, "o que inevitavelmente levaria à guerra". (OTÁVIO DIAS)


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