ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO

A mensagem do presidente George W. Bush aos cubanos quase não foi ouvida na ilha comunista e não teve repercussão nenhuma no país. Quem diz é o jornalista dissidente Rafael Ferro Salas, diretor da Fundação Democrática Cubana Melinda Gates.
Segundo ele, poucas pessoas em Cuba conseguem captar os sinais da Rádio Martí, emitidos pelos EUA. "Só conseguem captar os sinais aqueles que têm aparelhos de rádio especiais, e mesmo assim com muita interferência. O governo aqui tem equipamentos especiais para interferir nas transmissões americanas", disse ele em entrevista por telefone à Folha da cidade de Pilar del Río, onde vive.
Para Ferro Salas, iniciativas como a de Bush ontem não têm nenhuma consequência para a luta dos dissidentes cubanos. "Quem diz que [a mensagem] teve algum alcance está mentindo. O discurso só foi ouvido pelos escassos dissidentes que restamos soltos pelas ruas", disse. Segundo ele, a maioria da população cubana permanece desinformada sobre a reação internacional à recente onda repressiva promovida pelo regime do ditador Fidel Castro.
"Eu tenho um rádio pequeno, que graças a Deus não me confiscaram, com o qual consigo escutar algumas notícias de fora. Mas a maioria da população só tem acesso às informações divulgadas pelo governo", disse. "Não falam nada sobre as reações internacionais, só dizem que estão aumentando as assinaturas de intelectuais em apoio ao governo cubano. Isso é o que se diz ao povo."
Ferro Salas se diz pessimista sobre uma possível abertura em Cuba em resposta à pressão internacional contra Fidel. "Agora a opinião pública internacional nos dá mais apoio, mas a dissidência está menos ativa, na defensiva, por causa da repressão", disse. "É uma pena que esse apoio não tivesse sido dado antes, quando a dissidência estava mais ativa."


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