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Turistas são colocados em "bolha" para não terem contato com violência de país da Copa
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A ÁFRICA DO SUL
Os estarrecedores conflitos
causados pela xenofobia na
África do Sul só não são ignorados completamente pelos turistas que freqüentam as principais cidades do país atualmente graças aos jornais locais.
Primeiro porque hotéis e
agências de turismo esforçam-se para construir uma bolha de
proteção aos visitantes. Não
querem que, na reta final de
preparação para a Copa do
Mundo 2010, a imagem do país
seja arranhada. E também porque os bairros onde acontece a
onda de crimes contra estrangeiros não estão nos principais
roteiros turísticos.
Apesar do isolamento, basta
conversar com os moradores
locais para notar que o país é
um barril de pólvora, por causa
do racismo e da criminalidade
gerada pelo desemprego.
Em Durban, uma das cidades
mais violentas, funcionários de
hotéis chegam a segurar pelo
braço turistas que tentam caminhar pela praia à noite.
"Não interessa se você tem
dinheiro. O problema é a sua
cor, se você não tiver nada para
roubar, eles vão te matar porque você é branco", ouvi do
porteiro do hotel.
Com os turistas, os sul-africanos não dão sinais de xenofobia. O problema é mesmo com
quem se estabelece no país para trabalhar, principalmente os
que chegam de outros países da
África. A crise desmonta a propaganda dos organizadores do
Mundial de que o evento vai
unir todos os povos africanos.
A falta de emprego dificulta a
convivência entre brancos e
negros. Os brancos afirmam
que, depois de assumirem os
principais postos do governo
com o fim do apartheid, os negros não lhe dão empregos. Já
os negros dizem que sempre
conviveram com a criminalidade, mas que os brancos só se deram conta agora porque passaram a ser vítimas da violência.
Em dez dias de viagem, saí algumas vezes do roteiro turístico, mas fui assaltado justamente enquanto fazia programa recomendado no hotel em que fiquei na Cidade do Cabo.
Caminhava perto do píer da
cidade, por volta das duas da
tarde. Dois jovens aproximam-se e pedem dinheiro. Digo em
que não falo inglês. Irritado,
um deles responde: "Temos
uma faca e não queríamos usá-la. Mostre logo o dinheiro".
Mudo de estratégia e negocio
com a dupla. Digo que só tenho
o equivalente a menos de R$ 35
e peço para ficar com a metade
para pagar um táxi. O garoto
com a faca pede para eu segui-lo. Vai trocar a nota e me dar a
metade. Desisto, dou o dinheiro e deixo os dois seguirem.
O jornalista RICARDO PERRONE viajou a convite do South African Tourism e da South African
Airways
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