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Coréia mantém míssil, EUA acionam defesa
Para governo norte-coreano, teste de arma que atingiria Alasca é incontestável; analistas questionam alcance
DA REDAÇÃO
O chanceler da Coréia do
Norte, Ri Pyong Dok, disse ontem a um grupo de jornalistas
japoneses que o eventual lançamento de um míssil Taepodong-2, com capacidade de
atingir o Estado americano do
Alasca, "é um assunto reservado à nossa independência" que
"ninguém pode contestar".
A declaração lançou mais lenha na fogueira da tensão diplomática gerada pela informação -divulgada pela inteligência americana- de que os norte-coreanos haviam colocado o
foguete em sua rampa de lançamento e já o haviam carregado
de combustível para seu primeiro vôo experimental.
Detentor de um programa
nuclear com finalidades militares, o país asiático já dispõe da
bomba atômica. O fato de possuir também um lançador de
longo alcance modifica a estratégia de defesa americana e de
toda a região do Pacífico.
Segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, o chanceler Ri disse que, no caso do míssil, seu país não se sentia mais
compromissado com a moratória sobre o teste dessas armas,
anunciada em 1999 e reiterada
em 2002 e 2004.
Sentindo-se vulneráveis, os
Estados Unidos acionaram seu
sistema antimísseis -que pode
destruir o lançador norte-coreano tão logo ele ganhe altura.
A informação, dada ontem pelo
"Washington Times", foi confirmada pelo Pentágono. Mas o
porta-voz da Defesa, Eric Ruff,
negou-se a confirmar a intenção de destruir o lançador. "Temos um sistema limitado de
defesa contra mísseis. Não divulgamos o estado de alerta e
tampouco discutimos sua capacitação", disse ele.
Outro informante militar
disse anonimamente à agência
Reuters de notícias que o dispositivo "está prontíssimo".
Mas a mesma agência lembra
que, em seus testes, essa arma
demonstrou não ser ainda plenamente confiável. Dos oito
testes a que foi submetida, só
em cinco atingiu o foguete supostamente inimigo. Em outras duas ocasiões, os interceptadores não saíram do silo de
lançamento.
Dúvidas
Surgiram ontem também
duas dúvidas. Na primeira, o
chefe da diplomacia sul-coreana, Ban Ki Moon, disse não ter
certeza de que o Taepodong-2
já esteja abastecido. O serviço
de inteligência da Coréia do Sul
disse que o lançador precisa de
64 toneladas de combustível,
mas recebeu até agora, no máximo, 40 toneladas.
A segunda dúvida diz respeito ao alcance do foguete. Anteontem, a inteligência americana informava que ele alcançaria 6.000 km. Ontem já se falava em 15 mil km, o que potencialmente colocaria a Europa
também na mira. Mas a Associated Press cita um alto funcionário da diplomacia americana para quem essa informação é ainda desconhecida.
Em Paris, onde se encontrava ontem, o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, lançou um
apelo para que a Coréia do Norte "não deixe de ouvir os clamores de alarme" e abandone o
teste do novo lançador.
O ministro australiano das
Relações Exteriores, Alexander
Downer, disse que seria bem-vinda a iniciativa norte-coreana de recuar do teste, diante da
comoção internacional que o
assunto vem criando. Seu país
anunciou que retirará seu embaixador de Pyongyang caso o
lançamento seja levado a cabo.
Por fim, o embaixador americano na ONU, John Bolton, disse que a prioridade do Conselho de Segurança é convencer
os norte-coreanos a recuar. Enquanto isso, os cinco membros
permanentes discutem os detalhes da ameaça que o lançamento representaria para a paz
e a segurança internacionais.
Com agências internacionais
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