São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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Coréia mantém míssil, EUA acionam defesa

Para governo norte-coreano, teste de arma que atingiria Alasca é incontestável; analistas questionam alcance

DA REDAÇÃO

O chanceler da Coréia do Norte, Ri Pyong Dok, disse ontem a um grupo de jornalistas japoneses que o eventual lançamento de um míssil Taepodong-2, com capacidade de atingir o Estado americano do Alasca, "é um assunto reservado à nossa independência" que "ninguém pode contestar".
A declaração lançou mais lenha na fogueira da tensão diplomática gerada pela informação -divulgada pela inteligência americana- de que os norte-coreanos haviam colocado o foguete em sua rampa de lançamento e já o haviam carregado de combustível para seu primeiro vôo experimental.
Detentor de um programa nuclear com finalidades militares, o país asiático já dispõe da bomba atômica. O fato de possuir também um lançador de longo alcance modifica a estratégia de defesa americana e de toda a região do Pacífico.
Segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, o chanceler Ri disse que, no caso do míssil, seu país não se sentia mais compromissado com a moratória sobre o teste dessas armas, anunciada em 1999 e reiterada em 2002 e 2004.
Sentindo-se vulneráveis, os Estados Unidos acionaram seu sistema antimísseis -que pode destruir o lançador norte-coreano tão logo ele ganhe altura. A informação, dada ontem pelo "Washington Times", foi confirmada pelo Pentágono. Mas o porta-voz da Defesa, Eric Ruff, negou-se a confirmar a intenção de destruir o lançador. "Temos um sistema limitado de defesa contra mísseis. Não divulgamos o estado de alerta e tampouco discutimos sua capacitação", disse ele.
Outro informante militar disse anonimamente à agência Reuters de notícias que o dispositivo "está prontíssimo".
Mas a mesma agência lembra que, em seus testes, essa arma demonstrou não ser ainda plenamente confiável. Dos oito testes a que foi submetida, só em cinco atingiu o foguete supostamente inimigo. Em outras duas ocasiões, os interceptadores não saíram do silo de lançamento.

Dúvidas
Surgiram ontem também duas dúvidas. Na primeira, o chefe da diplomacia sul-coreana, Ban Ki Moon, disse não ter certeza de que o Taepodong-2 já esteja abastecido. O serviço de inteligência da Coréia do Sul disse que o lançador precisa de 64 toneladas de combustível, mas recebeu até agora, no máximo, 40 toneladas.
A segunda dúvida diz respeito ao alcance do foguete. Anteontem, a inteligência americana informava que ele alcançaria 6.000 km. Ontem já se falava em 15 mil km, o que potencialmente colocaria a Europa também na mira. Mas a Associated Press cita um alto funcionário da diplomacia americana para quem essa informação é ainda desconhecida.
Em Paris, onde se encontrava ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lançou um apelo para que a Coréia do Norte "não deixe de ouvir os clamores de alarme" e abandone o teste do novo lançador.
O ministro australiano das Relações Exteriores, Alexander Downer, disse que seria bem-vinda a iniciativa norte-coreana de recuar do teste, diante da comoção internacional que o assunto vem criando. Seu país anunciou que retirará seu embaixador de Pyongyang caso o lançamento seja levado a cabo.
Por fim, o embaixador americano na ONU, John Bolton, disse que a prioridade do Conselho de Segurança é convencer os norte-coreanos a recuar. Enquanto isso, os cinco membros permanentes discutem os detalhes da ameaça que o lançamento representaria para a paz e a segurança internacionais.


Com agências internacionais

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