São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Lei foi mal interpretada, diz chanceler espanhol

DO ENVIADO A BRUXELAS

Os dirigentes da UE minimizaram ontem os protestos sul-americanos contra a diretiva que estabelece regras mais rígidas ao tratamento de imigrantes ilegais nos países do bloco. Em entrevista à Folha, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, disse não temer que a nova lei leve a retaliações contra cidadãos europeus.
"Quem critica a diretiva é porque não a conhece direito", disse Moratinos, que há menos de dois meses teve que se reunir com o chanceler Celso Amorim para resolver uma crise deflagrada pelo aumento do número de brasileiros barrados ao chegar na Espanha.
Para o ministro espanhol, é errado interpretar a diretiva aprovada na quarta-feira pelo Parlamento Europeu, que prevê a extradição dos ilegais e sua detenção por até 18 meses, como uma violação dos direitos básicos de cidadãos estrangeiros no continente. "Na verdade a lei é boa para os estrangeiros, pois garante os direitos dos imigrantes legais, como os muitos brasileiros que estão na Espanha", disse.
Brasil, Bolívia, Equador, Venezuela e Argentina criticaram a nova lei européia, prevista para entrar em vigor em 2010. O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, também rechaçou a medida.
Para tentar apagar o incêndio diplomático, Moratinos foi encarregado pelo presidente do governo espanhol, José Zapatero, de fazer uma ofensiva de relações públicas. A primeira parada, nesta semana, será a Venezuela, onde o presidente Hugo Chávez ameaçou interromper o fornecimento de petróleo aos países europeus que aplicarem as restrições.
"Há muitas interpretações, e às vezes ouvimos opiniões que pouco têm a ver com o que a diretiva diz", disse Zapatero.
Outros dirigentes levaram a ameaça menos a sério. "Até onde eu sei, a maioria do petróleo venezuelano é exportada para os EUA", disse o chanceler tcheco, Karel Schwarzenberg, com um sorriso debochado. Para Javier Solana, chefe de política externa da UE, a reação de Chávez foi "totalmente desproporcional". (MN)


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