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Só agiremos se formos chamados, diz Amorim
Chanceler diz que não mediará trato nuclear
DO "FINANCIAL TIMES"
O Brasil está interrompendo sua tentativa de mediar
acordos quanto ao programa
nuclear do Irã -tema que levou as relações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo Obama a um
novo ponto baixo.
O chanceler Celso Amorim
disse ao "Financial Times"
que o Brasil não almeja mais
acalmar a disputa em torno
da questão, após os EUA rejeitarem um pacto, mediado
por Brasil e Turquia, que previa o envio de 1.200 kg do
urânio iraniano para enriquecimento no exterior.
Desde o pacto, o Conselho
de Segurança (CS) aprovou
novas sanções a Teerã, apesar do voto contrário de Brasil e Turquia, e avançaram no
Congresso dos EUA projetos
de sanções unilaterais.
"Queimamos os nossos
dedos ao fazer coisas que todos diziam que seriam úteis
e, no fim das contas, descobrimos que algumas pessoas
não aceitavam "sim" como
resposta", disse Amorim, em
clara referência aos EUA.
Antes do acordo, Obama
havia enviado carta a Lula
pregando justamente os termos do pacto firmado entre
Brasília, Ancara e Teerã.
Mas, depois, os EUA o consideraram insuficiente.
"Se somos chamados [a
negociar novamente], talvez
possamos ser úteis. Mas não
vamos agir de forma proativa
a não ser que sejamos chamados", disse Amorim.
Um funcionário sênior dos
EUA saudou a notícia de que
Brasília não tomará mais a
dianteira na questão.
"Não vejo Brasil e Turquia
estando realmente na posição de mediar" por terem votado contra as sanções, disse
o funcionário, em condição
de anonimato, argumentando que seria preferível que as
potências com assento permanente no CS -EUA, China, Rússia, França e Reino
Unido- conduzissem as
conversas com Teerã.
Falas dos dois lados revelam cicatrizes deixadas pela
disputa envolvendo o Irã.
"Fomos diretamente envolvidos em buscar uma solução e fomos estimulados a
isso", argumentou Amorim.
"E, quando produzimos um
resultado, ele não teve consequência. No mesmo dia do
acordo, antes mesmo de ele
ser analisado, a resposta foi
um pedido por resolução."
O Brasil argumenta que
seu acordo com o Irã segue os
termos da carta de Obama.
Os EUA responderam que o
pacto falhou em contemplar
outros problemas que Washington tinha expressado separadamente a Brasília.
O Brasil também arrisca irritar EUA e outros países ao
insistir que exportará etanol
ao Irã -o que não seria banido, por contribuir com o setor
energético iraniano, pode ser
tido como uma violação ao
espírito da resolução.
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