|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Annan cobra cessar-fogo; Israel o rejeita
Secretário-geral da ONU menciona "sérios obstáculos" para votar resolução; Casa Branca nega que boicote armistício
Condoleezza Rice jantou
com Annan e irá para a
região na próxima semana;
Rússia critica israelenses por
supostos excessos militares
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Sob críticas em razão do enfraquecimento do poder de
pressão das Nações Unidas no
Oriente Médio, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu
ao Conselho de Segurança um
cessar-fogo imediato e propôs o
envio de forças internacionais
para instituir uma zona-tampão do sul do Líbano, fronteira
com Israel, região hoje controlada pelo Hizbollah.
Annan condenou tanto o
grupo xiita quanto Israel. "Os
atos do Hizbollah são lamentáveis, e Israel tem o direito de se
defender. Mas o uso excessivo
da força deve ser condenado."
O secretário-geral propõe
que, paralelamente ao cessar-fogo, sejam transferidos para o
governo do Líbano, sob a escolta da Cruz Vermelha, os dois
soldados israelenses seqüestrados pelo Hizbollah.
Sua proposta foi feita durante reunião do Conselho de Segurança, na apresentação do
balanço dos trabalhos de uma
missão de paz em Beirute, Tel
Aviv, Cairo e Gaza. A delegação
foi liderada pelo conselheiro
político de Annan, Vijay Nambiar. "Serei sincero com o conselho. A conclusão da missão de
mediação é que existem sérios
obstáculos para alcançar um
cessar-fogo ou mesmo uma diminuição rápida da violência."
Foi provavelmente uma
menção ao bloqueio americano
para que o Conselho de Segurança vote o cessar-fogo. A Casa Branca e o Departamento de
Estado reagiram em seguida.
O Departamento de Estado
confirmou a viagem da secretária Condoleezza Rice ao Oriente Médio no início da próxima
semana. O porta-voz da Presidência, Tony Snow, disse que
George W. Bush "adoraria um
cessar-fogo", mas que "o Hizbollah tem de ser parte dele".
"A esta altura, não há indicação
de que o Hizbollah pretenda
depor suas armas."
Annan e Rice se reuniriam
ontem à noite para avaliar a crise no Líbano, em meio ao desacordo entre a ONU e Washington sobre um cessar-fogo.
O embaixador israelense na
ONU, Dan Gillerman, disse "rejeitar terminantemente" o fim
dos combates e criticou Annan
por não mencionar os papéis da
Síria e do Irã no conflito. "Não
temos prazo", afirmou.
A chancelaria libanesa vê o
discurso do secretário-geral como "a voz da razão no apelo pela suspensão das hostilidades e
na urgência da ajuda humanitária para o sofrimento do povo
do Líbano".
Segundo Annan, 2.000 membros da força de paz da ONU estão isolados no sul do país, sem
água nem comida. Ele pede a
criação de um "corredor humanitário" para assistência às vítimas dos bombardeios.
Anteontem, a alta comissária
da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, havia
afirmado que as "atrocidades"
contra civis caracterizam crimes de guerra e podem levar a
julgamentos em cortes internacionais. "A escalada das mortes
na região poderia implicar responsabilidade criminal dos envolvidos, sobretudo daqueles
em posição de comando."
Em Moscou, o governo russo
divulgou nota em que volta a
pedir o cessar-fogo e acusa Israel de estar conduzindo uma
operação desproporcional.
O ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, embarcou ontem à
noite para Chipre, primeira escala de uma viagem que o levará a Líbano, Egito, Jordânia e
Israel. A França apresentou
terça-feira um projeto de resolução de cessar-fogo. Mas o embaixador americano, John Bolton, julgou inoportuno votá-la.
Texto Anterior: "No Brasil não conhecem nossa realidade", diz Daniel, 19, soldado israelense no front Próximo Texto: Frase Índice
|