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Corte restitui juiz opositor no Paquistão
Suspenso por Musharraf, Chaudhry, presidente da Suprema Corte e símbolo da oposição, retoma cargo
DA REDAÇÃO
A Suprema Corte paquistanesa anulou ontem a suspensão
do juiz Iftikhar Chaudhry, presidente do tribunal e principal
símbolo da oposição ao regime
do general Pervez Musharraf. A
decisão é um duro revés para o
governo, acossado por uma onda de ataques terroristas e
pressões pela democratização.
O regime declarou que
honrará o veredicto. Chaudhry
tinha sido suspenso em março,
sob alegações de abuso de poder e conduta inapropriada. A
recusa em se afastar da Suprema Corte e a refutação de todas
as alegações transformaram o
já popular juiz em uma espécie
de herói nacional.
Dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestações pró-Chaudhry. O veredicto foi comemorado pelos
partidários do juiz com canto,
dança e distribuição de mithai
-doce compartilhado com vizinhos em ocasiões festivas.
Para a oposição, a suspensão
do juiz teve motivos políticos.
Chaudhry determinou a investigação das denúncias de "desaparecimento" de pessoas suspeitas de terrorismo e reverteu
a privatização de uma das
maiores minas do país.
Analistas acreditam que o governo enfrente seu pior momento desde que chegou ao poder, em 1999. Perdeu o controle
dos radicais islâmicos e o apoio
dos moderados, assustados
com a repressão violenta do governo e ansiosos por maior democratização.
A volta de Chaudhry é mais
um obstáculo aos planos de
reeleição, em quatro meses.
"Ele [Musharraf] já não pode
ter certeza de que a Suprema
Corte será seu capacho", diz G.
Parthasarathy, ex-diplomata
indiano no Paquistão. "Os planos de usar um uniforme indefinidamente estão liquidados."
O país está imerso em uma
onda de atentados, agravada
com o ataque militar a radicais
islâmicos entrincheirados na
Mesquita Vermelha, na capital,
Islamabad. A ação, no último
dia 10, matou pelo menos 103
pessoas (versão oficial). Segundo a oposição islâmica, o número supera mil. Em reação, uma
série de atentados terroristas
foi iniciada no país, atingindo
principalmente as regiões tribais no norte do Paquistão.
Atentados
Pelo menos cinco pessoas,
dentre elas dois civis, morreram ontem em um atentado
terrorista em Miran Shah, no
Waziristão do Norte. É o terceiro ataque ocorrido no local nos
últimos sete dias.
Em 14 de julho, 30 militares
morreram em atentado suicida
contra uma patrulha do Exército. Dois dias mais tarde, outra
explosão atingiu comboio militar que passava pelo local. O
número de mortos nos ataques
dos últimos dias já passa 180.
Os excessos cometidos pelas
forças policiais destruíram os
vestígios da almejada imagem
de moderação do regime, que
tem apoio dos Estados Unidos.
O massacre na mesquita causou indignação mesmo entre
muçulmanos não-praticantes,
e imagens de advogados ensangüentados apanhando da polícia em um comissão pró-Chaudhry chocaram o país.
Com o "Financial Times" e agências
internacionais
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