São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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Cameron rejeita culpa no caso dos grampos

Premiê britânico diz ao Parlamento que ignorava envolvimento de seu secretário, ex-editor do 'News of the World'

Conservador nega ter tido conversas 'não apropriadas' com Rupert Murdoch sobre operadora de TV paga

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O premiê britânico, David Cameron, foi questionado por quase três horas, respondeu a perguntas de 136 parlamentares, mas não fez o que a oposição queria: pedir desculpas por ter contratado como secretário de Comunicação um ex-editor do tabloide "News of the World" suspeito de incentivar escutas ilegais e suborno de policiais.
Cameron também não negou que tenha conversado com executivos do conglomerado de Rupert Murdoch sobre a compra que o empresário queria fazer da BSkyB, maior operadora de TV paga do país. A compra dependia de aprovação do governo.
Ele repetiu que não teve conversas "inapropriadas" sobre o negócio, sem dar detalhes sobre as apropriadas. A sessão extraordinária do Parlamento começou às 11h30. Todos sabiam que seria um embate entre governo e oposição, e a Casa lotou.
Membros do Partido Conservador estavam lá para proteger seu primeiro-ministro. Aplaudiam suas intervenções e apupavam as da oposição. Já os trabalhistas tentavam colar em Cameron a imagem de alguém sem liderança, que não agiu no caso dos grampos por conflito de interesses. Vaiavam o premiê e aclamavam seu líder, Ed Miliband.
Sobre a contratação de Andy Coulson, ex-editor do "News of the World", Cameron repetiu várias vezes: "Se soubesse que ele estava envolvido com grampos, não teria contratado. Se depois tivessem apresentadas evidências sólidas de que ele sabia das escutas, eu o teria demitido. Isso não aconteceu."
Afirmou que lamenta o "furor" provocado pelo caso, mas que só fará um pedido de desculpas profundo se a investigação policial provar que Coulson estava envolvido.
Cameron tentou mostrar liderança. Propôs mudar a relação da imprensa com políticos e polícia, impedir a concentração da mídia (veículos impressos, mídias sociais e TV) e criar um órgão independente para regular os jornais.
A oposição, claro, não saiu convencida. O líder dos trabalhistas disse que Cameron preferiu manter a lealdade a Coulson a cumprir suas obrigações como premiê. Afirmou também que o governo agiu deliberadamente para esconder os crimes do então secretário de Comunicações.
Na opinião de analistas, Cameron baixou a pressão sobre si e ganhou tempo, já que agora os parlamentares entram em recesso de verão. Ontem, o premiê anunciou os nomes da comissão que investigará as escutas ilegais.


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