DA REDAÇÃO

Sequestradores filiados a um grupo chamado Oposição Democrática Iraquiana na Alemanha ocuparam ontem por pouco mais de cinco horas a Embaixada do Iraque em Berlim. A polícia alemã retomou o prédio, numa ação sem mortes, libertando dois reféns e prendendo cinco pessoas.
Em Bagdá, as autoridades iraquianas acusaram "os serviços de inteligência sionistas e os dos EUA" de haver planejado e apoiado o sequestro. Washington vem se reunindo com oposicionistas para discutir a derrubada do ditador iraquiano, Saddam Hussein, mas o Departamento de Estado dos EUA disse não conhecer a Oposição Democrática Iraquiana.
O grupo era virtualmente desconhecido antes da ação. O embaixador do Iraque na ONU, Mohammad al-Douri, disse que era a primeira vez que ouvia falar sobre ele, mas afirmou que o sequestro aparentava ter sido organizado por "algum governo estrangeiro".
A Casa Branca condenou a ocupação da embaixada em Berlim e afirmou que atos como esse prejudicam "os esforços legítimos" para derrubar Saddam Hussein.
"Atos como esse são inaceitáveis. Eles prejudicam os esforços legítimos dos iraquianos, dentro e fora do Iraque, de mudar o regime no país", disse Ari Fleischer, o porta-voz da Casa Branca.
"Quanto ao grupo envolvido, não temos nenhum conhecimento de suas atividades nem contato com eles", afirmou Fleischer.
Em Londres, um porta-voz do Congresso Nacional Iraquiano, um dos principais grupos de oposição no exílio, disse que não tinha nenhuma informação sobre os sequestradores. Ele afirmou que a Oposição Democrática provavelmente era um grupo novo e que não tinha familiaridade com seus membros.
O sequestro ocorreu numa hora em que o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, vem se manifestando contra uma ação militar liderada pelos EUA para derrubar Saddam.
Washington afirma que o ditador iraquiano desenvolve e armazena armas químicas, biológicas e nucleares.

"Libertação"
"A libertação do solo iraquiano começa hoje. Tomamos posse da Embaixada do Iraque em Berlim e, assim, damos o primeiro passo na direção da liberação de nossa querida mãe pátria", dizia um comunicado dos sequestradores.
Segundo os vizinhos, o grupo ameaçou as pessoas com armas de fogo, atirando a esmo. A polícia afirma que ninguém se feriu durante a operação de retomada.
Quatro pessoas foram inicialmente tomadas como reféns, incluindo o embaixador em exercício do Iraque, Shamil Mohammed. Dois reféns foram liberados durante o sequestro.
A embaixada foi inaugurada no dia 17 de julho, quando a representação iraquiana mudou-se oficialmente de Bonn, capital da antiga Alemanha Ocidental.