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Oposição se divide em pró e contra EUA
RODRIGO UCHÔA
DA REDAÇÃO
A oposição no Iraque pode
ser dividida em dois grupos: o
que tem apoio interno, mas
desconfia dos EUA (ou vice-versa), e o que não tem capacidade de mobilização dos iraquianos, mas conta com o
apoio de Washington.
O primeiro grupo é composto principalmente pelos curdos, do norte do país, e pelos
xiitas, do sul do Iraque.
Os curdos são cerca 4,5 milhões da população de cerca de
20 milhões do Iraque -o país é
majoritariamente árabe. Desde
a Guerra do Golfo, desfrutam
de uma independência de fato,
protegidos por aviões americanos e britânicos, que mantêm
uma zona de exclusão aérea sobre o Curdistão.
O Partido Democrático do
Curdistão e a União Patriótica
do Curdistão "dividem" o poder local e, nos últimos anos,
vêm procurando se manter
neutros. Apesar de contar com
80 mil homens armados, sua
participação proeminente num
novo governo enfrentaria a dura oposição da Turquia, país vizinho que luta contra o separatismo de uma minoria própria
de 12 milhões de curdos.
E a Turquia é um dos principais aliados dos EUA na região,
considerada essencial para
uma ação militar contra Bagdá.
Para o analista Mustafá Alani,
especialista em Iraque do Royal
United Services Institute, de
Londres, isso impediria uma
ação como a do Afeganistão,
quando os EUA utilizaram a
Aliança do Norte para derrubar o regime do Taleban.
Os muçulmanos xiitas, por
sua vez, representam 65% da
população iraquiana -Saddam é sunita- e têm o Irã como base principal.
Washington teme que um regime tão próximo a Teerã seja
pior do que o atual.
O Congresso Nacional Iraquiano, baseado em Londres, é
o maior exemplo do grupo
com apoio dos EUA, mas sem
capacidade de mobilização.
O CNI começou a receber
fundos durante o governo
Clinton, mas não tem força
dentro do Iraque, onde veio
perdendo apoio dos comunistas e de grupos islâmicos que
antes faziam parte da coalizão.
"Eles não têm base nem popularidade", diz Alani.
Militares no exílio, como o
general Naguib Salihi, poderiam ser uma alternativa de poder, afirma o especialista. Porém as reais ligações entre esses
oficiais e os militares da ativa
no Iraque são incertas.
Essas incertezas estão sendo
decisivas para postergar uma
ação americana, afirma Alani.
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