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IRAQUE OCUPADO
Segundo agente federal dos EUA, ataque à sede da ONU foi feito com material que pertencia ao regime deposto
FBI liga explosão a arsenal de Saddam
DA REDAÇÃO
A explosão que atingiu a sede
da ONU em Bagdá anteontem foi
provocada por material proveniente do arsenal do ex-ditador
Saddam Hussein -uma bomba
de 225 kg, granadas e morteiros
da era soviética-, segundo disse
ontem Thomas Fuentes, agente
do FBI (polícia federal dos EUA).
Autoridades americanas disseram que ainda era muito cedo para afirmar quem orquestrara o
ataque. Os principais suspeitos
são terroristas estrangeiros e
combatentes fiéis a Saddam. Soldados e paramédicos, que ainda
vasculhavam os escombros para
procurar corpos ontem, encontraram os restos de uma pessoa
que, segundo eles, seria o terrorista suicida responsável pela ação.
Vários agentes do FBI, que também participaram das buscas, disseram que seu trabalho tinha de
ser realizado com muito cuidado
-para não provocar novas explosões-, já que, até então, ninguém sabia se toda a carga de explosivos fora detonada. A explosão matou ao menos 20 pessoas,
incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque, e deixou
cerca de cem feridos.
Vestígios de granadas foram
achados no local da explosão, segundo Fuentes. Ele disse que havia mais de 450 kg de explosivos
no caminhão-bomba ao todo.
"Esses armamentos provavelmente pertenciam aos militares
iraquianos durante o regime de
Saddam. Alguém que tem acesso
a um grande esconderijo militar
os colocou no caminhão, levando-os, em seguida, ao local do
atentado", afirmou Fuentes.
Esconderijos de armas foram
encontrados com tanta frequência no Iraque, nos últimos meses,
que militares americanos já classificam o país de um enorme depósito de munição.
O atentado de anteontem teve
características que levaram autoridades americanas e analistas a
pensar que combatentes fiéis a
Saddam o orquestraram. Mas o
chefe da Autoridade Provisória da
Coalizão (APC), o americano
Paul Bremer, disse que ainda era
cedo para afirmar quem organizara o ataque. Porém ele não descartou a hipótese de o atentado ter
sido cometido por "terroristas"
estrangeiros.
Funcionários do Pentágono
(que não quiseram ser identificados) afirmaram à rede de TV
CNN que o grupo terrorista Ansar
al Islam, que é ligado à rede Al
Qaeda, é o principal suspeito de
ter ordenado o ataque e que ele
poderia até tê-lo realizado.
O grupo foi expulso do Iraque
durante a guerra, mas crê-se que
centenas de seus membros já tenham retornado ao país. Eles poderiam estar por trás de algumas
ações dos grupos que protagonizam a resistência iraquiana.
Os mesmos funcionários do
Pentágono disseram que, nas últimas duas semanas, relatórios dos
serviços de inteligência davam
conta de que o Ansar al Islam planejava atacar interesses americanos no Iraque.
Bremer disse também que a explosão de anteontem provocou
uma revisão do aparato de segurança e que autoridades dos países que compõem a coalizão, que
é liderada pelos EUA, se reunirão
amanhã para discutir o tema. Eles
se encontrarão com diplomatas
de vários países para determinar
as necessidades de segurança de
cada missão diplomática.
Após uma reunião do Conselho
de Governo Iraquiano, um de
seus membros, chamado Mouwafak al Rabii, afirmou que os
primeiros relatórios dos investigadores indicavam que o atentado à sede da ONU fora cometido
por pessoas leais a Saddam.
"Há impressões digitais que indicam que a ação terrorista foi cometida por pessoas que faziam
parte do antigo regime. Além disso, relatórios dos investigadores
parecem confirmar essa hipótese", disse Al Rabii.
Para Ahmed Chalabi, outro
membro do conselho, a linha que
separa militantes islâmicos estrangeiros de guerrilheiros ligados ao ex-ditador iraquiano já
não é mais tão clara.
Com agências internacionais
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