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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Premiê palestino promete ação contra terroristas, mas, após reunião com Arafat, ANP divulga nota pouco precisa

Israel anuncia retaliação após atentado palestino

Oded Balilty/Associated Press
Israelenses religiosos participam de funeral de vítima de atentado de anteontem em Jerusalém


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, decidiu ontem realizar ataques em larga escala contra grupos terroristas palestinos em resposta ao atentado suicida de anteontem em Jerusalém, que matou 18 pessoas.
No final da noite, já madrugada em Israel, a agência Reuters informou que blindados israelenses entraram em Jenin, uma das principais cidades palestinas, na Cisjordânia. Não havia informação sobre enfrentamentos.
Já o premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), cortou os contatos com os terroristas e mandou os serviços de segurança palestinos prenderem os envolvidos.
"Há instruções claras para as forças de segurança perseguirem essas pessoas, encontrá-las e prendê-las", disse o ministro da Informação palestino, Nabil Amr.
Mazen reuniu-se em Ramallah (Cisjordânia) com o presidente da ANP, Iasser Arafat, isolado em seu QG por Israel há meses.
Segundo o jornal israelense "Haaretz", que citou a agência France Presse como fonte, Mazen teria ameaçado renunciar se Arafat não apoiasse sua decisão de perseguir os grupos terroristas.
A reunião entre os líderes foi tensa, inclusive com troca de gritos. Ao final, a ANP divulgou um comunicado no qual disse seguir comprometida com o plano de paz, prometeu trabalhar para o "controle de armas" e banir demonstrações públicas de extremistas. Mas não havia nada específico sobre prisão de terroristas.
Segundo a Associated Press, Mazen teria proposto declarar a ilegalidade dos braços armados do Hamas e do Jihad Islâmico e congelar suas contas bancárias.
O premiê, considerado um moderado, foi indicado por Arafat por pressão dos EUA e de Israel, que acusam o presidente da ANP de tolerar ou apoiar o terror. Ele nega. Mazen é visto como fraco politicamente e menos popular que Arafat, que controla a maior parte das forças de segurança.
Israel e os EUA exigem que Mazen desmantele os grupos terroristas, como prevê o plano de paz. Mas ele tem dito que uma ação do tipo resultaria numa guerra civil. Outro problema é que as forças palestinas foram gravemente debilitadas por ataques de Israel desde o início da Intifada, o levante contra a ocupação israelense, iniciado em setembro de 2000.
A represália israelense deve durar vários dias, segundo fonte da Reuters, e visará o Hamas, o Jihad Islâmico e as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupos que declararam um cessar-fogo de três meses nos ataques a Israel no final de junho. Desde então, haviam ocorrido apenas pequenos atentados.
Autoridades israelenses disseram que as ações acontecerão de uma maneira que não provoque o colapso do novo plano de paz.
"Qualquer reação israelense prejudicará nosso trabalho e levará a uma deterioração ainda maior da situação", afirmou Amr, ministro da Informação da ANP.
Na quinta-feira à noite, o clérigo muçulmano Raed Masq, 29, disfarçado como judeu religioso, se explodiu em um ônibus lotado de família judias que voltavam de orações no Muro das Lamentações. Cinco crianças estavam entre os 18 mortos. Masq morava com sua mulher e duas crianças em Hebron, onde ontem Israel prendeu 17 suspeitos.
O Hamas disse que o atentado era uma resposta a operações israelenses que mataram militantes palestinos nas últimas semanas, apesar do cessar-fogo.

Com agências internacionais

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