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ANÁLISE
Dividida, oposição tem tarefa difícil
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
O presidente Hugo Chávez, que
estava ontem na Argentina, ironizou a possibilidade de o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) autorizar a realização de um referendo
para revogar seu mandato, após a
oposição ter entregue um abaixo-assinado com milhões de assinaturas pedindo a votação.
"Parece que vai haver um referendo logo. Sim, nos EUA vai haver um referendo logo", disse
Chávez, em referência ao referendo para revogar o mandato do governador da Califórnia, marcado
para outubro.
Chávez vem afirmando não haver tempo disponível para a realização de um referendo neste ano,
argumentando que os integrantes
do CNE ainda precisam ser indicados, que deve haver um recadastramento eleitoral e que o
abaixo-assinado precisa ser autenticado, entre outras coisas.
Caso consiga evitar a realização
do referendo neste ano, Chávez
poderia evitar deixar o poder
mesmo sendo derrotado na votação. Isso porque a Constituição
determina que, até o quarto ano
do mandato presidencial, uma
nova eleição é convocada em caso
de afastamento do titular. A partir
do quarto ano (agosto de 2004),
quem assume é o vice -indicado
pelo próprio presidente.
"Nesse caso, o presidente poderia indicar alguém de sua confiança, como seu irmão, Adán Chávez, para o cargo de vice, caso perceba que será derrotado no referendo", disse à Folha o analista
político Alfredo Keller, da consultoria Alfredo Keller & Associados. "No limite, esse novo vice poderia, ao assumir, indicar o próprio Chávez como seu vice e renunciar para que ele pudesse assumir o cargo novamente", diz.
Ainda que o referendo ocorra
antes do ano que vem, os analistas
vêem grandes dificuldades para
que a oposição consiga afastá-lo,
apesar de as pesquisas indicarem
que entre 65% e 70% dos venezuelanos rechaçam sua administração. Para aprovar o afastamento de Chávez, a oposição necessita
mais votos do que ele recebeu em
sua última eleição, em 2000 -3,7
milhões, ou 59% dos votantes.
Para Luis Vicente León, diretor
do instituto de pesquisas Datanálisis, a oposição terá de vencer um
possível boicote dos chavistas, a
desmotivação do eleitorado e a
tradicional abstenção alta para levar às urnas mais eleitores que
aqueles que votaram em 2000.
A falta de uma liderança opositora única é considerada o maior
trunfo de Chávez, que, com 30%
de popularidade estável, tem mais
apoio individual que qualquer
nome da oposição. "A oposição
segue muito dividida, sem unidade, desde o fim da greve geral",
afirma León.
Com agências internacionais
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