São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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RELIGIÃO

Bento 16 encerra hoje visita à Alemanha, a primeira que fez fora da Itália desde que foi eleito para o trono de São Pedro

Papa pede que islâmicos combatam terror

Associated Press/"Osservatore Romano"
Papa Bento 16 cumprimenta Pelé, durante encontro em Colônia


DA REDAÇÃO

No penúltimo dia de sua visita à Colônia (Alemanha) -a primeira viagem para fora da Itália-, o papa Bento 16 alertou os muçulmanos contra o terrorismo, que, segundo ele, expõe o mundo "às sombras e a uma nova barbárie". Ele pediu ainda que os muçulmanos se unam aos cristãos no combate ao terror.
Bento 16 falou a lideranças islâmicas, a maioria turca, no mais forte pronunciamento contra o terror de seus quatro meses de papado. "O terrorismo está se manifestando em várias partes do mundo, trazendo morte e destruição e atirando nossos irmãos ao desespero e ao sofrimento", disse.
Bento 16 não mencionou ataques específicos nem falou diretamente sobre bombas suicidas, mas a escolha de sua audiência foi considerada bastante significativa. Para o papa, os líderes muçulmanos têm grande responsabilidade em educar as novas gerações de maneira adequada.
"Estou certo de que ecôo seus pensamentos quando falo da preocupação sobre a difusão do terrorismo", afirmou. "Aqueles que instigam e planejam esses ataques desejam envenenar nossas relações, fazendo uso de todas as justificativas, inclusive religiosas, para colocar barreiras à construção de uma vida pacífica."
Ontem, o papa foi recebido por cerca de 800 mil pessoas, na maioria jovens, reunidas em Colônia para as celebrações da Jornada Mundial da Juventude, criação de João Paulo 2º, que será encerrada hoje com uma missa. Bento 16 pediu à multidão de peregrinos que se mire nos bons exemplos e não se sinta desencorajada pelos maus elementos presentes na Igreja. "Há muito o que ser criticado", disse.
Em sua viagem à Alemanha, sua terra natal, o papa reuniu-se com diversos representantes de outras religiões. Na sexta-feira, Bento 16 foi à sinagoga de Colônia, onde alertou contra os sinais atuais de anti-semitismo, lastimou o Holocausto e prometeu melhorar as relações com os judeus. Ele se encontrou ainda com líderes do protestantismo.
O relacionamento com o islamismo, no entanto, tende a ser mais difícil para Bento 16. Antes de tornar-se papa, o então cardeal Joseph Ratzinger afirmou que a Turquia, país de maioria muçulmana embora de governo secular, deveria buscar seu futuro em associação com outras nações islâmicas, e não com a União Européia, de raízes cristãs.
Ontem, Bento 16 teve audiências com os dois principais líderes políticos alemães: o chanceler (premiê) social-democrata, Gerhard Schröder, e a líder dos democrata-cristãos, Angela Merkel. Filha de pastor protestante e favorita nas pesquisas para tornar-se a primeira mulher a governar a Alemanha nas eleições do mês que vem, Merkel disse que foi "maravilhoso encontrar um papa alemão em solo alemão".

Com agências internacionais


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