São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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"Herdeiros" ainda esperam por dinheiro

DE BUENOS AIRES

"Cobrar esse dinheiro seria como tocar o céu com as mãos." Para Gladys Correa, 73, da Província argentina de Santa Fé, pouco importa que desde 1984 não é possível apelar no processo do inventário do comendador Correa. Há 20 anos ela espera receber a herança.
"Recebemos uma carta de um advogado que dizia que tínhamos direito", conta. "Sabemos que após a quarta geração, que somos nós, a herança seria cobrada", completa, citando um trecho do testamento do comendador.
Gladys afirma que é uma herdeira legítima. Há anos contratou o escritório argentino Retamar para iniciar os trâmites. "Fizemos um sacrifício, juntamos todo o dinheiro e pagamos. Se não é verdade, é um engano muito grande."
Ela ainda acredita, entretanto, que pode receber a herança. "Queremos escrever ao presidente [da Argentina] para pedir que ele intervenha nesse caso".
O estudante colombiano José Luiz Correa, 24, leva o mesmo sobrenome e tem o mesmo sonho de Gladys. "Nunca iniciamos os trâmites. Mas estamos interessados", afirma. Sua família soube do caso em 1988, por cartas de advogados brasileiros que se ofereceram para abrir uma demanda na Justiça. "Disseram que há propriedades no Brasil, fazendas."
São ilusões alimentadas por escritórios como o Retamar. "Há dinheiro para pagar a dívida do Brasil e Argentina e sobra para os herdeiros", diz o proprietário Felix Retamar, que se diz ele mesmo herdeiro. No site da firma na internet, Retamar vende por US$ 20 o livro "Meu tio, o comendador Correa", escrito por ele. (MP)


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