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"Herdeiros" ainda esperam por dinheiro
DE BUENOS AIRES
"Cobrar esse dinheiro seria como tocar o céu com as mãos." Para Gladys Correa, 73, da Província
argentina de Santa Fé, pouco importa que desde 1984 não é possível apelar no processo do inventário do comendador Correa. Há 20
anos ela espera receber a herança.
"Recebemos uma carta de um
advogado que dizia que tínhamos
direito", conta. "Sabemos que
após a quarta geração, que somos
nós, a herança seria cobrada",
completa, citando um trecho do
testamento do comendador.
Gladys afirma que é uma herdeira legítima. Há anos contratou
o escritório argentino Retamar
para iniciar os trâmites. "Fizemos
um sacrifício, juntamos todo o dinheiro e pagamos. Se não é verdade, é um engano muito grande."
Ela ainda acredita, entretanto,
que pode receber a herança.
"Queremos escrever ao presidente [da Argentina] para pedir que
ele intervenha nesse caso".
O estudante colombiano José
Luiz Correa, 24, leva o mesmo sobrenome e tem o mesmo sonho
de Gladys. "Nunca iniciamos os
trâmites. Mas estamos interessados", afirma. Sua família soube do
caso em 1988, por cartas de advogados brasileiros que se ofereceram para abrir uma demanda na
Justiça. "Disseram que há propriedades no Brasil, fazendas."
São ilusões alimentadas por escritórios como o Retamar. "Há dinheiro para pagar a dívida do Brasil e Argentina e sobra para os
herdeiros", diz o proprietário Felix Retamar, que se diz ele mesmo
herdeiro. No site da firma na internet, Retamar vende por US$ 20
o livro "Meu tio, o comendador
Correa", escrito por ele.
(MP)
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