São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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Israel e palestinos retomarão diálogo

Proposto pelos EUA, encontro nos dias 1º e 2 de setembro deve romper 20 meses de estagnação nas conversas

Para a Casa Branca, as discussões devem acontecer "sem precondições" e durar no máximo um ano


Alex Brandon/Associated Press
Hillary Clinton e George Mitchell discursam pela retomada do diálogo no Oriente Médio

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Lideranças palestinas e israelenses aceitaram o convite da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e se reunirão nos dias 1º e 2 de setembro em Washington para retomar o diálogo direto de paz, em encontro a ser mediado pelo presidente dos EUA, Barack Obama.
A reunião romperá 20 meses de interrupção no diálogo pela paz no Oriente Médio, que se arrasta há 62 anos.
"Houve dificuldades no passado e haverá dificuldades agora. As conversas atingirão obstáculos, e os inimigos da paz continuarão tentando nos prejudicar", afirmou Hillary, para quem o diálogo deve acontecer "sem precondições" e ter o prazo de um ano.
Em coletiva de imprensa, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, disse que as negociações têm como premissa a criação de um Estado palestino, "vivendo lado a lado [com Israel], em paz e segurança".
As demais bases do diálogo, incluindo a fronteira do novo Estado, serão definidas por Israel e pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Mitchell lembrou ainda que o prazo de um ano, definido pelo Quarteto para o Oriente Médio (EUA, ONU, Rússia e União Europeia), foi citado pelo próprio primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em sua última visita aos EUA, em julho.

CONVITE ACEITO
Segundo um porta-voz do premiê, Netanyahu aceitou convite e afirmou que "conseguir um acordo de paz é difícil, mas possível".
Ele disse ainda, segundo o jornal "Yedioth Ahronoth", que chegará às negociações "com o desejo genuíno de obter a paz entre os dois povos e preservar os interesses nacionais de Israel, o principal deles sua segurança".
Em nota, o Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) também anunciou que aceitaria o convite.
O comitê reúne os principais partidos palestinos, mas não o grupo extremista Hamas, que controla a faixa de Gaza e classificou o convite de "enganoso".
Nos primeiros encontros, que contarão também com a presença do presidente egípcio, Hosni Mubarak, e do rei da Jordânia, Abdullah 2º, as partes devem decidir as datas e locais das próximas reuniões. Mitchell disse esperar que algumas delas aconteçam na região.
As negociações de paz lançadas em Annapolis (EUA) no final de 2007 estão estagnadas desde dezembro de 2008, quando os palestinos abandonaram o diálogo depois do início da ofensiva militar israelense contra a faixa de Gaza.
Posteriormente, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, se negou a voltar à mesa de negociação enquanto Israel não paralisasse a instalação de colônias judaicas na Cisjordânia.

COLÔNIAS
Em março, Abbas aceitou iniciar conversas indiretas de paz sem que se tivesse cumprido sua exigência.
Mas a aprovação da ampliação de uma colônia em Jerusalém Oriental durante a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, a Israel jogou por terra a possibilidade e originou a maior crise diplomática em décadas entre Israel e Washington.
As pressões diplomáticas se intensificaram nos últimos dias, já que em 26 de setembro vence a moratória de dez meses para a construção de assentamentos judaicos da Cisjordânia.


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