São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Israel tenta contornar a crise com Egito

Ministro da Defesa israelense lamenta morte de policiais egípcios; investigação conjunta entre países será aberta

Início da crise deu-se quando o Exército de Israel, em perseguição a terroristas, matou 3 policiais por engano

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Numa tentativa de contornar a pior crise entre os dois países dos últimos anos, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, lamentou ontem a morte de policiais egípcios por forças israelenses, na última quinta-feira.
O gabinete egípcio chegou a anunciar que o embaixador em Tel Aviv seria convocado de volta ao Cairo, mas intensos contatos diplomáticos entre os dois países parecem ter revertido a decisão.
O incidente que deflagrou a crise ocorreu quando o Exército de Israel perseguia terroristas que mataram oito israelenses, em uma série de atentados em Eilat, no sul do país, na quinta passada. Na perseguição, três policiais egípcios foram mortos por engano.
Em uma rara reunião de emergência realizada no shabat (o descanso judaico de sábado), o gabinete israelense decidiu abrir uma investigação sobre o episódio, em colaboração com o Egito.
"Israel lamenta as mortes de policiais egípcios durante os ataques na fronteira", disse Barak após a reunião.
Enquanto a crise com o Egito era contornada, prosseguia a escalada de violência entre Israel e grupos extremistas baseados em Gaza.
Em resposta aos atentados, a aviação israelense efetuou vários bombardeios nos últimos dois dias, que deixaram pelo menos 14 mortos em Gaza. Os palestinos revidaram disparando mais de 50 foguetes contra Israel.
Em Beer Sheva, cidade israelense no sul do país, uma pessoa foi morta ontem quando sua casa foi atingida por um dos foguetes. Pelo menos 16 pessoas ficaram feridas em cidades da região.
Acusado por Israel de estar por trás dos atentados de quinta-feira, o grupo radical Comitês de Resistência Popular (CRP) assumiu a autoria do disparo que deixou um morto em Beer Sheva.
Sete membros dos CRP foram mortos pelos bombardeios israelenses, incluindo alguns de seus principais comandantes. O grupo negou a autoria dos atentados. Fontes palestinas afirmaram que duas crianças também morreram nos ataques a Gaza.
Um alto líder do Hamas, grupo islâmico que controla Gaza, confirmou ontem que, diante dos ataques israelenses, o cessar-fogo estabelecido em 2009 foi revogado.
"Qualquer conversa sobre um cessar-fogo entre as facções da resistência e a ocupação israelense deve ser precedida pela suspensão da agressão israelense contra o povo palestino", disse Ahmad Bahar.
Outros dirigentes do Hamas, entretanto, indicaram que há contatos com o governo do Egito para negociar um fim aos ataques israelenses. A iniciativa encontra resistência de grupos radicais como os CRP e a Jihad Islâmica.
A Liga Árabe convocou uma reunião de emergência para hoje, a fim de discutir a violência em Gaza.
O Quarteto de negociação para o Oriente Médio (União Europeia, Estados Unidos, Rússia e ONU) manifestou, por meio de um comunicado, preocupação com a "situação insustentável" em Gaza.


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