DA REDAÇÃO

O governo iraquiano protestou ontem contra as forças britânicas por causa do resgate de dois soldados do Reino Unido feito anteontem numa cadeia de Basra.
As tropas britânicas usaram veículos blindados para atacar a delegacia em busca de seus dois homens detidos pela polícia iraquiana. O comando militar do Reino Unido alegou que sabia que os dois soldados lidavam com milícias e que optou pelo resgate porque achou que corressem risco.
"Foi muito infeliz que as forças britânicas tentassem fazer o resgate desta maneira", afirmou Haider al Ebadi, conselheiro do premiê iraquiano, Ibrahin Jaafari.
A ação britânica ocorreu depois de, segundo a polícia de Basra, os dois soldados terem provocado fúria na cidade por atirarem numa patrulha policial. Pelo menos dois iraquianos morreram por causa da violência gerada.
O sul do Iraque, onde fica Basra, abriga várias milícias xiitas, como a do clérigo radical Moqtada al Sadr. A tensão na cidade já estava em alta desde domingo, quando forças britânicas prenderam dois homens do grupo de Al Sadr.
O resgate deverá piorar as relações entre os iraquianos e as tropas britânicas, que mantêm um relacionamento razoável com a população xiita de Basra, por atuar de forma mais negociada.
A polícia da cidade ficou furiosa com a ação. "Quatro tanques invadiram a prisão. Um canhão atingiu um local onde um colega rezava", disse o policial Abbas Hassan, perto de carros que ele conta terem sido destruídos pelos britânicos. "Isso é terrorismo. Só o que tínhamos eram rifles."
Fotos de um soldado pegando fogo enquanto deixava um blindado em Basra dominaram os jornais de Londres. Já a TV estatal iraquiana mostrou os dois militares presos, enquanto a polícia vasculhava seus disfarces e equipamentos, usados em sua missão.
Para o conselheiro do premiê iraquiano, a polícia agiu corretamente ao prender os soldados. "Estavam agindo de forma muito suspeita, observando algo e, com roupas civis, coletando informações nestas horas de tensão."
Os relatos sobre a violência no restante do Iraque também continuaram ontem. Segundo os EUA, quatro marines foram mortos anteontem em Ramadi, e um soldado, ontem, em Bagdá. Com isso, na conta da agência Reuters, já eram 1.906 os americanos mortos desde o início da guerra em 2003.