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Governistas elegem Abe para liderar Japão
Chefe de gabinete de Koizumi tem plataforma obscura, mas ganhou popularidade com imagem nacionalista
NORIMITSU ONISHI
DO "NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO
Shinzo Abe, o nacionalista
que quer rever a Constituição
do Japão, conquistou ontem a
liderança do governista Partido
Liberal Democrático. Como o
PLD controla a Câmara Baixa,
que escolhe o premiê, é certo
que Abe sucederá Junichiro
Koizumi quando o Parlamento
se reunir, na próxima terça.
Aos 52, Abe, líder de uma onda nacionalista que em quatro
anos fez dele o político mais popular do Japão após Koizumi,
será o primeiro premiê japonês
nascido após o fim da Segunda
Guerra. Ele vai suceder um homem que liderou o país por cinco anos e meio, carismático,
que levou um Japão tímido a
afirmar-se perante o mundo e
promoveu reformas dolorosas.
"O Partido Liberal Democrático tem por ideal enriquecer o
Japão e promover o orgulho
nacional", disse Abe a seus correligionários após a votação.
"Quero reafirmar a disposição
de seguir com as reformas."
Numa disputa que só perderia se quisesse, Abe evitou comentar como vai levar adiante
as reformas econômicas ou melhorar os laços com a China e a
Coréia do Norte. Em vez disso,
falou em rever a Constituição
imposta pelos EUA após a guerra, de modo a remover as restrições à existência de forças armadas plenas no Japão.
Conhecido inicialmente por
ser neto de um ex-premiê, Nobusuke Kishi, Abe ganhou peso
nacional em 2002, quando a
Coréia do Norte admitiu ter seqüestrado vários cidadãos japoneses nos anos 70 e 80 -e ele
virou o maior crítico do vizinho, beneficiando-se da ira nacionalista que, mais tarde, também visaria a China.
Um dos problemas mais prementes será acalmar a tensão
com a China, que se recusa a
participar de cúpulas devido às
visitas de Koizumi a Yasukuni,
memorial aos mortos japoneses na guerra onde estão 14 criminosos de guerra, visto no restante da Ásia como símbolo do
militarismo japonês.
No âmbito doméstico, ele será pressionado a aumentar os
gastos públicos e reverter algumas medidas para reformar a
economia e o Orçamento.
Gerald Curtis, especialista
em política japonesa da Universidade Columbia (Nova
York), disse que faltam a Abe o
estilo e a personalidade forte de
Koizumi, que poderiam ajudá-lo a implementar reformas.
"Ele precisa promover algo
substancial. E no momento,
francamente, é muito difícil enxergar qual será sua política."
As pesquisas de opinião indicam que, embora o apoio a Abe
seja alto, os eleitores conhecem
pouco sua postura política
-eles apenas gostam de sua
imagem e personalidade.
Tradução de CLARA ALLAIN
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