São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Cristina Kirchner leva Correa ao palanque

Presidente do Equador apóia candidatura da primeira-dama argentina; discursos exaltam "grande pátria latino-americana"

Após comício, Cristina se reúne com embaixador americano; candidata, que promete "reinserir" seu país no mundo, vai aos EUA

Leo Valle/Efe
Correa, Kirchner e Cristina em ato eleitoral em Merlo, Grande Buenos Aires; equatoriano atacou o FMI, mas Cristina vai aos EUA tentar reabrir negociação sobre dívida

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O palanque de Cristina Fernández de Kirchner teve ontem um convidado estrangeiro: o presidente do Equador, Rafael Correa, que participou de um ato de campanha da primeira-dama argentina em Merlo, na Grande Buenos Aires.
Correa expressou seu apoio à candidatura de Cristina e, como já fizera em sua visita mais recente à Argentina o venezuelano Hugo Chávez, garantiu que ela ganhará as eleições de 28 de outubro. "Companheira Cristina, não tenha dúvidas de que será a presidente da República Argentina", afirmou Correa, um economista de esquerda que segue a linha nacionalista de Chávez e do boliviano Evo Morales.
O presidente Néstor Kirchner também participou do ato. Antes, ele e Correa firmaram acordos nas áreas petroleira, agrícola, social e de saúde.
Os discursos de Kirchner, Correa e Cristina tiveram como ponto comum a exaltação a uma "pátria grande", que englobaria toda a América Latina. "Queremos construir uma relação de irmandade entre argentinos e equatorianos", disse Correa. Kirchner exclamou: "Viva o Equador! Viva a pátria grande!". O conceito foi repetido por sua mulher: "Argentinos, irmãos e irmãs equatorianos, nosso compromisso também é com o povo latino-americano e com a pátria grande".
Correa é o primeiro presidente estrangeiro a participar de um ato de campanha dos Kirchner. O mandatário equatoriano também está em campanha -no próximo dia 30, o Equador elege os membros da Assembléia Constituinte que redigirá a nova Carta destinada a "refundar" o país.
A primeira-dama argentina, que lidera as pesquisas de intenção de voto, tem privilegiado as relações externas em sua campanha e disse que um dos objetivos de seu governo seria "reinserir a Argentina no mundo". Desde que foi confirmada sua candidatura, já foi à Espanha, ao México e à Alemanha. Visitará ainda Brasil e Chile.

Dívida e FMI
Ontem, depois de se despedir de Correa, Cristina recebeu na residência oficial de Olivos o embaixador dos EUA na Argentina, Earl Wayne. Na semana que vem, ela acompanhará o presidente em sua viagem a Nova York para a Assembléia Geral da ONU, mas terá uma agenda individual que provavelmente incluirá uma reunião com o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson. O principal tema da conversa deve ser a renegociação da dívida argentina com o Clube de Paris, que seria uma das prioridades de um governo Cristina.
O país deve mais de US$ 20 bilhões aos integrantes do clube, mas não pode renegociar a dívida sem aceitar uma mediação do Fundo Monetário Internacional -condição que os Kirchner refutam, dada à falta de apoio do FMI ao país durante a crise da dívida, em 2001. Ontem, Correa não poupou de críticas o organismo financeiro. Convocou os sul-americanos a "ignorá-lo", assim como ao Banco Mundial. O equatoriano se reuniria à noite com o presidente Lula, em Manaus.


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