São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Mensagem de Bin Laden pede queda de Musharraf

Terrorista postou áudio conclamando paquistaneses a derrubarem o "apóstata"

Exortação coincide com agravamento da crise política no país asiático, onde ditador tentará reeleição em 6 de outubro

DA REDAÇÃO

O terrorista saudita Osama bin Laden exorta, em mensagem de áudio divulgada ontem na internet, o povo do Paquistão a derrubar o ditador do país, Pervez Musharraf. "Rebelem-se contra o apóstata", afirma o líder da Al Qaeda, na terceira mensagem dele neste mês.
Qualificando Musharraf de infiel por sua proximidade com o governo dos EUA, Bin Laden afirma que "nós, da Al Qaeda, chamamos Deus para que testemunhe a retaliação pelo sangue derramado (...) de Abdul Rashid Ghazi".
A citação é uma referência ao líder islâmico que dirigia a Mesquita Vermelha, uma grande madrassa situada em Islamabad e que foi invadida pelas Forças Armadas paquistanesas em julho deste ano. Mais de 120 pessoas morreram no ataque, após vários dias de cerco e negociações frustradas entre o governo e os amotinados, que exigiam a instalação no país de um regime fundamentalista na linha do que o Taleban impunha no vizinho Afeganistão.
"É dever dos muçulmanos do Paquistão promover uma jihad para derrubar Pervez, seu governo, seu Exército e aqueles que o auxiliam", diz Bin Laden, mais um a tentar tirar partido da crescente impopularidade de Musharraf.
O governo paquistanês não demorou a responder às incitações do terrorista, que não são as primeiras dele contra o governo Musharraf. O major-general Waheed Arshad, porta-voz do Exército, afirmou que Islamabad está comprometida com a luta contra o terrorismo.
Essa luta de Islamabad contra o terrorismo é uma das principais preocupações de Washington -além de lhe ser insatisfatória. A inteligência americana declarou recentemente que, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, há atividade e trânsito de milicianos tanto do Taleban quanto da Al Qaeda. Que o Taleban tem ganhado terreno no Afeganistão já é fato há tempo, mas especula-se que Osama bin Laden esteja escondido na região fronteiriça, reagrupando o contingente da Al Qaeda.

Um a mais
O áudio de Osama bin Laden, cuja autenticidade ainda não foi confirmada, é um elemento a mais de intranqüilidade na já delicada situação por que passa o Paquistão. O general Musharraf, que em 1999 assumiu o poder por meio de um golpe, prometeu então erradicar o radicalismo islâmico do país. Ele tenta agora se candidatar à Presidência para permanecer no cargo -o pleito presidencial, indireto, teve sua data marcada ontem: 6 de outubro. Mas ele resiste a abandonar a farda para concorrer e está sendo pressionado pela oposição democrática, além de ter de lidar com os insurgentes que têm promovido atentados.
A Corte Suprema do Paquistão, que outrora assegurava a legitimidade do ditador, não o apóia mais. A instituição decidirá nos próximos dias se Musharraf pode concorrer à Presidência sem deixar o generalato.
Também ontem, antes da divulgação do áudio de Bin Laden, um outro, de seu auxiliar Ayman al Zawahri, foi ao ar. O líder terrorista afirmava, segundo o "Guardian", que os EUA estão perdendo suas batalhas no Afeganistão, no Iraque e em outros frontes. Zawahri também declarou que o episódio da Mesquita Vermelha "mergulhou o Exército paquistanês na vergonha".


Com agências internacionais


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