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Mensagem de Bin Laden pede queda de Musharraf
Terrorista postou áudio conclamando paquistaneses a derrubarem o "apóstata"
Exortação coincide com agravamento da crise política no país asiático, onde ditador tentará reeleição em 6 de outubro
DA REDAÇÃO
O terrorista saudita Osama
bin Laden exorta, em mensagem de áudio divulgada ontem
na internet, o povo do Paquistão a derrubar o ditador do país,
Pervez Musharraf. "Rebelem-se contra o apóstata", afirma o
líder da Al Qaeda, na terceira
mensagem dele neste mês.
Qualificando Musharraf de
infiel por sua proximidade com
o governo dos EUA, Bin Laden
afirma que "nós, da Al Qaeda,
chamamos Deus para que testemunhe a retaliação pelo sangue derramado (...) de Abdul
Rashid Ghazi".
A citação é uma referência ao
líder islâmico que dirigia a
Mesquita Vermelha, uma grande madrassa situada em Islamabad e que foi invadida pelas
Forças Armadas paquistanesas
em julho deste ano. Mais de 120
pessoas morreram no ataque,
após vários dias de cerco e negociações frustradas entre o governo e os amotinados, que exigiam a instalação no país de um
regime fundamentalista na linha do que o Taleban impunha
no vizinho Afeganistão.
"É dever dos muçulmanos do
Paquistão promover uma jihad
para derrubar Pervez, seu governo, seu Exército e aqueles
que o auxiliam", diz Bin Laden,
mais um a tentar tirar partido
da crescente impopularidade
de Musharraf.
O governo paquistanês não
demorou a responder às incitações do terrorista, que não são
as primeiras dele contra o governo Musharraf. O major-general Waheed Arshad, porta-voz do Exército, afirmou que
Islamabad está comprometida
com a luta contra o terrorismo.
Essa luta de Islamabad contra o terrorismo é uma das
principais preocupações de
Washington -além de lhe ser
insatisfatória. A inteligência
americana declarou recentemente que, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, há
atividade e trânsito de milicianos tanto do Taleban quanto da
Al Qaeda. Que o Taleban tem
ganhado terreno no Afeganistão já é fato há tempo, mas especula-se que Osama bin Laden esteja escondido na região
fronteiriça, reagrupando o contingente da Al Qaeda.
Um a mais
O áudio de Osama bin Laden,
cuja autenticidade ainda não
foi confirmada, é um elemento
a mais de intranqüilidade na já
delicada situação por que passa
o Paquistão. O general Musharraf, que em 1999 assumiu o poder por meio de um golpe, prometeu então erradicar o radicalismo islâmico do país. Ele tenta agora se candidatar à Presidência para permanecer no
cargo -o pleito presidencial,
indireto, teve sua data marcada
ontem: 6 de outubro. Mas ele
resiste a abandonar a farda para concorrer e está sendo pressionado pela oposição democrática, além de ter de lidar com
os insurgentes que têm promovido atentados.
A Corte Suprema do Paquistão, que outrora assegurava a
legitimidade do ditador, não o
apóia mais. A instituição decidirá nos próximos dias se Musharraf pode concorrer à Presidência sem deixar o generalato.
Também ontem, antes da divulgação do áudio de Bin Laden, um outro, de seu auxiliar
Ayman al Zawahri, foi ao ar. O
líder terrorista afirmava, segundo o "Guardian", que os
EUA estão perdendo suas batalhas no Afeganistão, no Iraque
e em outros frontes. Zawahri
também declarou que o episódio da Mesquita Vermelha
"mergulhou o Exército paquistanês na vergonha".
Com agências internacionais
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